EXIT! CRISE E CRÍTICA DA SOCIEDADE DAS MERCADORIAS
CRÍTICA DO CAPITALISMO PARA O SÉCULO XXI. Com Marx para além de Marx: o projecto teórico do Grupo "EXIT!" Deutsch
Roswitha Scholz
Luta das mulheres = Luta de classes como resposta à crise fundamental? O género mais uma vez como contradição secundária!? Crítica do manifesto "Feminismo para os 99%"
Após um período de feminismo desconstrucionista, as abordagens marxistas-materialistas têm dominado o discurso feminista nos últimos anos, desde os episódios de crise no final dos anos 90 (crise dos Tigres Asiáticos, estabelecimento do Hartz-IV, crise do mercado financeiro 2008ss. e outros). (1) Quanto mais o "colapso da modernização" (Robert Kurz) se torna evidente desde então, mais o pêndulo ameaça oscilar completamente na direcção do marxismo vulgar. Na minha opinião, isto torna-se claro no manifesto "Feminismo para os 99%", de Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser (2019), em que raça, classe e género, por exemplo, são apenas superficialmente mediados entre si, supostamente em pé de igualdade. A posição aí assumida vai assim dar simplesmente ao capitalismo androcêntrico, como um complexo-mestre, sem realmente ter em conta o Outro do capitalismo enquanto tal. Do mesmo modo, a dominação da natureza é atribuída apenas a um capitalismo orientado unicamente para o "fazer mais" e aos seus agentes. Neste sentido, é preciso criticar neste manifesto 'feminista' não em último lugar que a relação de género assimétrica, mas também o racismo, a homofobia, etc., sejam mais uma vez transformados em contradições secundárias, como acontecia antes nas concepções marxistas tradicionais. Este será um dos tópicos da crítica que se segue.
Concluirei expondo o ponto de vista da crítica da dissociação e do valor, que se opõe a tais materialismos primitivos, os quais mais uma vez se estão a intensificar na crise do coronavírus (cf. Scholz 2011). Arruzza & Cª expuseram a sua posição em onze teses, e eu, pela minha parte, vou resumi-las em cinco pontos, mais o epílogo."
exit! Crise e Crítica da Sociedade das Mercadorias nº 18 sai na Primavera de 2021 – Índice e Editorial
Publicado na zu Klampen Verlag. Preço de capa 22 euros (ISBN 9783866747890) ou assinatura.
Índice
Tomasz Konicz: O Fim do Ocidente na Crise do Coronavírus
Thomas Meyer: Alternativas ao Capitalismo – Em Teste: Movimento Pós-crescimento, Commons e a Questão da "Síntese Social"
Thomas Koch: Sobre a Actualidade de 'Sinal Verde para o Caos da Crise' de Robert Kurz
Andreas Urban: Igualdade, 'Mulheres de topo' e Crise da Masculinidade – Aspectos Cultural-Simbólicos do Asselvajamento do Patriarcado
Editorial, carta aberta e apelo a donativos
No "ano do coronavírus" 2020, o curso da crise intensificou-se. O coronavírus cai mesmo no meio da crise do capitalismo. Isto tem um efeito particularmente dramático nos sistemas de saúde arruinados pela poupança e pela economificação, mas ainda mais quando as pessoas, nas regiões em crise, estão completamente indefesas contra o vírus, e impotentes perante os efeitos das medidas tomadas no decurso da "luta contra a pandemia". Além disso, o coronavírus não surgiu do nada no mundo, mas está ligado à dominação capitalista sobre a natureza. No que diz respeito ao surto da pandemia, há muito a dizer sobre a chamada zoonose, uma infecção que pode ser transmitida dos animais para os seres humanos. Com o avanço da crise do capitalismo, está a tornar-se cada vez mais difícil – apesar de toda a "retórica ecológica" – proteger a natureza e, com ela, também os animais do processo da valorização e, portanto, da destruição pelo capital. Com a crescente ausência de substância do capital, cresce cada vez mais a pressão para sujeitar os fundamentos naturais da vida ao processo de valorização. A produção de carne, o comércio de animais selvagens, o extermínio de espécies, a destruição da floresta tropical etc. alimentam a transmissão de vírus. O comércio global e as rotas de viagem asseguram a sua propagação."
Thomas Meyer
Os cérebros pequeno-burgueses na crise – A 'zombieficação' da mente e o declínio do capitalismo
I.
O facto de terem sido formuladas muitas críticas ao ponto de vista do liberalismo dificilmente leva os liberais a (querer) tomar nota delas, como a experiência tem demonstrado. Um exemplo recente de um liberalismo em que a estreiteza do cérebro burguês se torna clara é o de Markus Krall, cujo último livro é "Die bürgerliche Revolution – Wie wir unsere Freiheit und unsere Werte erhalten" ("A Revolução Burguesa – Como Preservamos a Nossa Liberdade e os Nossos Valores"). (1) Este é mais um livro com muita saída, com o qual os cidadãos contribuintes tentam dar sentido à crise. Ora Krall quer não só diagnosticar, mas também mostrar uma saída para a crise. Ao fazê-lo, torna-se claro que o seu ponto de vista pequeno-burguês é inflacionado a ponto de vista da sociedade como um todo, como será demonstrado no texto que se segue. O liberalismo não só continua a ter uma mente estreita, como está agora a tornar-se atrevido. Escusado será dizer que o chamado "mainstream" (social-democratas, verdes-oliva, etc.) não está nada melhor.
Roswitha Scholz
Exit! – Ora diga lá o que pensa da religião?
Um esclarecimento
Há já algum tempo que no contexto de Exit! se vem expressando repetidamente o descontentamento por também teólogos trabalharem e publicarem connosco. Fala-se de "círculos anti-clericais" que se ofendem com isso. Estão a surgir receios de que a Exit! possa vir a derivar para a esfera religiosa, e que a revista possa ser invadida pelas respectivas tendências. A crítica da dissociação e do valor teria de ser ateísta – já que "o avô nazi é que teria feito as suas genuflexões na igreja" etc. É posta a questão crucial. Trata-se aqui, obviamente, de arcaicos receios da esquerda, enraizados nos sentimentos marxistas tradicionais. Será que também aqui se articula uma redutora crítica do iluminismo, que tem dificuldade em aceitar que a sociedade capitalista é moldada pelo seu irracional fim-em-si de multiplicação do capital e da concomitante dissociação? Há aqui alguns mal-entendidos a esclarecer.
Para que fique claro: A maioria de nós não acredita em Deus (qualquer Deus) nem é religiosa de maneira nenhuma. Para nós, contudo, as reflexões filosófico-teológicas são uma direcção na qual a crítica da dissociação e do valor pode ser trabalhada. Nem mais nem menos. A teologia representa aqui, num contexto interdisciplinar, um campo ao lado de outros campos, por exemplo, psicologia social, feminismo, crítica das ciências naturais, teoria política, etc., a fim de apreender o patriarcado capitalista a diferentes níveis e nas suas diferentes facetas. O estudo da teologia não fará também sentido para compreender melhor o carácter fetichista das relações capitalistas e a sua irracionalidade?..."
Auto-referencialidade...
... tal como no capital, também em nós próprios
"Durante uma semana,o governo federal e os governos estaduais sentaram-se juntos, num comboio em direcção à perda de controlo da pandemia", foi como o Kölner-Stadt-Anzeiger (1) comentou a luta, ou melhor, a rixa para encontrar medidas contra a epidemia, que já atingiu o número recorde de bem mais de 400 mortes em dois dias consecutivos na Alemanha. Não há qualquer menção à miséria nas unidades de cuidados intensivos, à sobrecarga do pessoal, e muito menos ao que o vírus está a fazer no resto do mundo..."
Gerd Bedszent
Criminalidade de clã no passado e no presente
O termo "criminalidade de clã" ultimamente tem vindo a aparecer cada vez mais nos media. Refere-se em geral a estruturas de crime organizado constituídas por membros de minorias étnicas. Estas estruturas criminosas são consideradas extremamente patriarcais e agem com base num sistema de valores anacrónico. Segundo os criminologistas, é extraordiáriamente difícil aos investigadores infiltrados penetrarem em clãs assim isolados..."
Thomas Meyer
Livre dos filhos em vez de com CO2 – Greve ao parto como medida de defesa do clima?
No decurso do debate sobre a defesa do clima, o movimento “Fridays for Future” tem sido criticado por, entre outras coisas, ser pouco mais do que uma rebelião conformista (pelo menos de acordo com Stepelfeldt 2019, cf. também Hofmann 2020). Principalmente pelo facto de a crítica se concentrar no indivíduo e no seu comportamento como consumidor. Uma crítica do modo de produção capitalista está a ser deixada de fora..."
Thomasz Konicz
O coeficiente de estupidez da esquerda
A estupidez é o melhor aliado do oportunismo de esquerda – a actual crise mais uma vez torna isso evidente.
Capitalismo ou morte? Numa entrevista publicada em Dezembro de 2019, o famoso marxista norte-americano David Harvey deixou claro, com uma franqueza deprimente, aquilo em que a teoria de Marx pode rapidamente degenerar, quando soberanamente ignora a crise sistémica durante décadas e consequentemente não forma um conceito adequado de crise. (1) Revolução? Uma "fantasia comunista", já não estamos a viver no século XIX. O capital é “too big to fail”, é demasiado necessário, por isso não podemos permitir o seu colapso. Por outro lado, as coisas teriam de ser "mantidas em movimento", pois caso contrário "quase todos morreríamos à fome". É preciso até investir tempo para o "reanimar", diz Harvey. Talvez se pudesse trabalhar lentamente numa reconfiguração gradual do capital, mas um "derrube revolucionário" é algo que "não pode e não deve acontecer" – e até se deve trabalhar activamente para garantir que isso não aconteça. Ao mesmo tempo, o marxista de cátedra observou finalmente que o capital se tinha tornado "demasiado grande, demasiado monstruoso" para sobreviver. Estaria num "caminho suicida"...
Novo confinamento (parcial) e velhas inconsistências – Breve intervenção
O que era previsível aconteceu: um segundo confinamento, mesmo que 'apenas' parcial. Nas discussões que vamos acompanhar, as irritações e a excitação, e acima de tudo as inconsistências, tornaram-se evidentes.
Fala "a ciência e a classe médica"
Pouco antes das negociações da Chanceler com os Primeiros Ministros dos Estados federados, os virologistas Streeck e Schmidt-Chanasit e o Presidente da Associação de Médicos de Seguros de Saúde, Gassen, tomam a palavra. Apresentam uma posição escrita. É apresentada, tão enfatuada como incorrectamente, como "posição conjunta da ciência e da classe médica". Assim se considera a necessidade de legitimar as próprias preferências através da "ciência" ou, pelo menos, de as poder colocar formalmente em perspectiva: Há também "outras posições" – sem ter de se referir ao objecto de disputa. O que desaparece por detrás do lugar comum "ciência e classe médica" é que instituições científicas como a Fundação Alemã de Investigação, a Sociedade Fraunhofer, a Associação Leibniz, a Sociedade Max Planck ou a Academia Nacional das Ciências Leopoldina chegam a avaliações completamente diferentes em declarações dos seus presidentes. Também desaparece que nem os médicos de cuidados intensivos nem a Sociedade Alemã de Virologia assinaram o documento "Ciência e classe médica". (1)
Gruppe Fetischkritik Karlsruhe
O Vírus – Crítica da Pandemia Política II
Será que temos de viver com o vírus? Contenção do vírus versus eliminação do vírus
Alternativas ao Capitalismo
Em Teste: Rendimento Básico Incondicional
O Rendimento Básico Incondicional (RBI) tem vindo a ser objecto de repetidos debates há décadas – alguns diriam mesmo há séculos. Agora que na Alemanha – ao contrário da evolução global – há de facto cada vez mais pessoas empregadas, mas, por um lado, já quase nunca em condições de trabalho ditas normais, antes bastante precárias, e, por outro lado, sendo cada vez mais processos de produção assumidos por máquinas e computadores/robots, está de novo em crescendo a discussão sobre o RBI. Muita gente espera que ele ponha fim ao domínio dos centros de emprego, dos serviços de assistência social e dos empregadores, bem como acabe com a obrigação geral de trabalhar e com a insegurança social. Um RBI, pelo contrário, deve permitir a todos trabalhar em liberdade e segurança, e combinar melhor o trabalho com a vida familiar."
Moria – Uma Catástrofe Previsível
Condições no campo
A catástrofe sobre os refugiados em Moria não se abateu como o destino, sobre a ilha e sobre as pessoas que lá vivem. Isto aplica-se desde logo às condições no campo. Antes de o coronavírus chegar, já a informação sobre as condições desumanas estava em cima da mesa. Houve relatos de doenças que só ocorrem nos países mais pobres, de um desespero que levava muitos à automutilação e ao suicídio. Houve avisos das consequências, caso o coronavírus se espalhasse em tais condições. Este caso previsível ocorreu e mostrou literalmente como a situação era "perigosamente inflamável". O perigo de incêndio, para que os voluntários e as vozes críticas em vão tinham alertado publicamente, transformou-se num incêndio em que os refugiados perderam tudo, e que se está a espalhar sob a forma de desespero e medo, 'atingindo' as aldeias vizinhas com particular ferocidade."
Gruppe Fetischkritik Karlsruhe
O vírus
Crítica da pandemia política
Thomasz Konicz
Nós é que decidimos quem é ditador!
O governo alemão tem certamente um grande coração para os autocratas – desde que eles sejam os seus ditadores. Um comentário ao duplo padrão imperial da geopolítica alemã
Gerd Bedszent
A Líbia a chegar ao fim
Thomas Meyer
O género entre 'ficha de jogo' performativa e biologização – Crítica da queerness pós-moderna tardia e do discurso médico sobre a 'transexualidade'
Nos últimos anos, a "política de identidade" de esquerda e dos liberais de esquerda tem sido criticada muitas vezes. Também na cena queer a crítica tem fervilhado ultimamente, como mostra a publicação do livro "Beißreflexe" [Reflexões mordazes] de 2017 e outras publicações subsequentes na chamada "Kreischreihe" [Série gritante]. Thomas Meyer trata em particular da política de identidade queer no seu texto "O género entre 'ficha de jogo' performativa e biologização – Crítica da queerness pós-moderna tardia e do discurso médico sobre a 'transexualidade'". Ele salienta que as críticas, tal como são formuladas hoje contra o "queer", já estavam presentes do lado feminista na década de 1990. Em particular, o texto aborda o facto de que a pretensão formulada pela cena queer de reconhecer identidades "desviantes" não é necessariamente sem problemas. Meyer tenta mostrar isso por meio do fenómeno da "transexualidade", reproduzindo seu discurso médico. Assim deverá ficar claro que, através do discurso sobre a transexualidade (o "transexualismo"), um mal-estar na compulsão de género binário e um fracasso na auto-classificação inequívoca nos caracteres de género burgueses assumem historicamente a forma de um problema médico, fundamentalmente cirúrgico. Desse modo, a sexualização compulsiva não é criticada, mas perpetuada e factualmente biologizada. Uma flexibilização dos códigos de género na pós-modernidade não alterou realmente nada a este respeito. A política de reconhecimento queer é assim de muito curto alcance, sobretudo no contexto de um "asselvajamento do patriarcado" (Roswitha Scholz) e de movimentos fascistas que exigem relações de género "tradicionais". (Apresentação do texto na exit! nº 16)
O Livro Negro do Capitalismo
Capítulo 5
A Biologização da Sociedade Mundial
O imperialismo e a concorrência capitalista internacional pela divisão do mundo, o complexo militar-industrial e o movimento das frotas, as reivindicações coloniais e a propaganda da superioridade cultural não poderiam deixar de ter consequências na consciência social do capitalismo no limiar do século XX. Numa mistura peculiar de medo da concorrência do mercado mundial e da ameaça estrangeira, de triunfalismo nacionalista e messianismo cultural, uma nova e agressiva ideologia delirante começou a surgir em todo o mundo capitalista."
O Livro Negro do Capitalismo
O Sistema dos Impérios Nacionais
Quando o século XIX chegou ao fim, a segunda grande época da afirmação do capitalismo tinha mudado o mundo de alto a baixo. Após o longo período de objectivação da economia de mercado por regimes absolutistas, da ascensão do liberalismo e das campanhas de disciplinamento, agora a história sangrenta e catastrófica da Primeira Revolução Industrial tinha trazido à tona uma nova "ordem mundial" capitalista: o sistema de impérios de Estados-nação. No lugar de burocracias dinásticas baseadas em agro-capitalismo orientado para o mercado mundial, trabalho manual forçado e trabalho doméstico por empreitada na produção têxtil, tinham surgido os Estados-nação burgueses baseados num capitalismo industrial privado amplamente ramificado. Com a constituição do Império Alemão em 1871, após a guerra vitoriosa contra a França e a anexação da Alsácia-Lorena, este processo de formação do Estado-nação capitalista ficou concluído entre as "potências" decisivas da Europa..."
Introdução à nova edição de 2009
Do fim do socialismo de Estado em 1989 à crise do capital mundial em 2009
"A celebração de aniversários de eventos famosos é uma das obrigações mais maçadoras da cena cultural burguesa. No entanto, se o aniversário aponta para contextos controversos, com pouco para celebrar, prefere-se ignorá-lo. Quando este livro foi publicado pela primeira vez, em 1999, havia supostamente algo para comemorar no mundo oficial: o colapso do socialismo de Estado ocorrera precisamente 10 anos antes. A euforia da vitória dos guerreiros ocidentais da guerra fria ainda não tinha esmorecido. A filosofia académica proclamara o "fim das utopias", e o cientista político americano, Francis Fukuyama, o "fim da história"; o desenvolvimento da humanidade teria atingido o seu objectivo, na eterna forma social de "economia de mercado e democracia". O professoral marxismo residual e a esquerda política nunca mais acabavam de abjurar; o reconhecimento do realismo compatível com o mercado tornara-se um ritual. E a "revolução neoliberal" parecia impor imparavelmente a nova imagem humana do radical do mercado. Naquela época, a economia mundial capitalista estava no auge de uma alta sem precedentes nas bolsas de valores. Os gurus do management e os analistas financeiros proclamavam uma new economy que supostamente superara todas as anteriores teorias da ciência económica."
Por (batidos) maus caminhos
Uma análise do livro (quase) homónimo de Klaus Müller
1. Saltando como um tigre crítico * 2. Pousando como um domesticado apresentador de modelos * 3. Marx como ele nunca foi * 4. A mais-valia é uma lei da natureza – mas a exploração é evitável * 5. O dinheiro misterioso – o que ele (não) ‘é’ * 6. O dinheiro misterioso – o que ele (não) ‘faz’ * 7. Observação final * Notas
É cada vez mais difícil manter a taxa de lucro
Um estudo sobre as tentativas teóricas e práticas de salvação do capitalismo tardio
Rezar na crise ainda ajuda?
Sobre a fuga filosófica para o messianismo paulino
Roswitha Scholz
It’s the class, stupid? Desclassificação, degradação e renascimento do conceito de classe (1)
1. Introdução
Pelo menos desde a eleição de Trump e o surgimento da AfD, dos Pegida etc., a questão das classes tem estado de novo na boca de toda a gente. Justamente nas zonas industriais arruinadas, Trump foi votado sobretudo por trabalhadores da indústria. Há críticas de que a esquerda terá prestado demasiada atenção à cultura, às mulheres, aos migrantes."
"O pensamento racional está um pouco parado"
É o que diz o psicoterapeuta Peter Wehr, numa entrevista ao 'Kölner Stadt-Anzeiger' de 11/12 de Junho de 2020: Enquanto a pandemia se torna cada vez mais ameaçadora em todo o mundo, estando a alastrar condições catastróficas no Brasil e tendo o vírus também reaparecido na China, muitos alemães estão preocupados com as férias e com o “voo livre para cidadãos livres” garantido pela lei fundamental. Os governos passam a responsabilidade para a "responsabilidade pessoal" dos cidadãos e cidadãs responsáveis. Agora que as restrições de viagem para muitos países europeus foram levantadas, os primeiros aviões de férias com turistas chegaram a Maiorca – acompanhados por um espectáculo mediático."
Roswitha Scholz
Entrevista à revista konkret, Julho de 2020
Uma crise como a do coronavírus agrava as desigualdades sociais em geral. Em que medida afecta as mulheres?
A questão central é que, com o encerramento das creches e infantários, elas tiveram de supervisionar as crianças e fazer o trabalho de casa, para além de trabalho ao domicílio, por exemplo em teletrabalho. Também li que mulheres, na sua maioria empregadas a tempo parcial, abandonaram a actividade profissional. Até 25 por cento..."
Fetichismo Sexual
Notas sobre a lógica de feminilidade e masculinidade
1. O fim da velha crítica do capitalismo e as dores do marxofeminismo * 2. O teorema da dissociação * 3. Excurso I: Relação de género e crítica das "grandes teorias” * 4. Excurso II: A dimensão psicanalítica na crítica da forma de mercadoria * 5. A metafísica do valor de uso * 6. O misticismo da esfera do consumo * 7. O que é a sensibilidade? * 8. A miséria do luxo capitalista * 9. Formas de pseudo-emancipação de género * 10. A "ilusão do grande casal" no fim da sociedade das mercadorias
Regresso à normalidade capitalista?
As discussões e o activismo em torno do coronavírus estão a ganhar força e a assumir traços de um irracionalismo assustador.
Quem oferece mais?
Ao que parece não há como parar o desconfinamento para regressar à normalidade capitalista. Os primeiros-ministros de cada um dos Estados federais excedem-se uns aos outros em exercícios de desconfinamento. Os políticos cedem à pressão económica e psicológica e/ou acrescentam alguma. Com o descrédito geral dos virologistas, foi obviamente resolvido um debate relacionado com o conteúdo sobre conhecimentos virológicos. O FDP afirmou que os hospitais subutilizados são a prova de que "os virologistas" pintaram cenários de horror. Já não há necessidade de desperdiçar uma reflexão sobre o facto de que os cenários de horror poderem ter sido evitados porque os políticos – até sob a pressão das imagens de Itália e Espanha – tiraram as conclusões correctas das descobertas dos virologistas."
A discussão sobre o coronavírus
Desde o nosso primeiro texto sobre o coronavírus na crise do capitalismo, alguns dos receios aí expressos já foram confirmados. A discussão prossegue. Estão a surgir novas facetas. Perante algumas delas impõem-se as seguintes observações:
No debate sobre o coronavírus, o Presidente do Bundestag, Schäuble, adverte contra a necessidade de dar prioridade absoluta à "protecção da vida" em detrimento de outros bens. (1) Contra isto não se pode opor um "céu de princípios" em que se agitam verdades supostamente intemporais. E, assim, também aqueles a quem, por profissão ou vocação, são confiadas verdades intemporais e as conhecem, como os filósofos e os teólogos, se apressaram a concordar com Schäuble."
Roswitha Scholz
‘A democracia continua a devorar os seus filhos’ – hoje ainda mais!
Reflexões sobre um texto de 25 anos e alguns comentários críticos sobre o artigo de Daniel Späth 'Frente transversal em toda a parte!’
Roswitha Scholz comenta o artigo de Robert Kurz "A democracia devora os seus filhos – Notas sobre o novo radicalismo de direita" de 1993. Ela extrai teses centrais deste texto em várias dimensões (economia, política, relação de género, etc.), descrevendo os desenvolvimentos nestas várias áreas até meados de 2018. Ela conclui que a determinação central de Kurz de que a democracia e o nacional-socialismo/fascismo não são estruturalmente opostos, mas que as aspirações de direita e uma correspondente forma de pensar da democracia nascem como forma de organização do próprio capitalismo, mesmo que não sejam a mesma coisa. Hoje, após o crash financeiro de 2008, quando as ideologias de direita, o correspondente populismo e violência de direita, também por parte dos aparelhos policiais e militares, que por sua vez se asselvajaram, se espalham pelo mundo, apenas se tornam visíveis em toda sua extensão, diz Scholz. Seu ensaio é, portanto, chamado "A democracia continua a devorar os seus filhos – hoje ainda mais". Na parte final, Scholz critica o artigo de Daniel Späth "Frente transversal em toda a parte", que foi publicado na exit! nº 14. Späth não considerou suficientemente o desenvolvimento de direita pelo menos desde o fim do socialismo do Bloco de Leste, mas deu a impressão de que a viragem para a direita nos últimos anos tinha caído do céu. Späth, portanto, desconsidera elaborações essenciais no contexto da crítica (da dissociação e) do valor, incluindo o texto de Kurz de 1993. Além disso, ele não se pronuncia sobre as sobreposições entre o espectro de esquerda e o de direita, que o conceito de frente transversal geralmente engloba, mas toma por seu verdadeiro tema as sobreposições entre neoliberalismo e (novas) ideologias de direita. (Apresentação do texto na exit! nº 16)
Introdução * 1. Argumentação fundamental * 2. Dimensões em que o novo radicalismo de direita se manifesta * 2.1 Economia * 2.2 Análise de classe obsoleta * 2.3 Partidos, política e radicalismo de direita * 2.4 Aparelho de violência: forças armadas e polícia * 2.5 Os de 1968 e o novo radicalismo de direita * 2.6 Relações de género e feminismo * 2.7 Porque tem o país de se modificar...? * 3. Resumo: A democracia devora os seus filhos – hoje * 3.1 Continuidades e rupturas * 3.2 ‘Frente transversal em toda a parte!’? * Bibliografia
Thomas Meyer
O Homem e a Máquina – Reflexões sobre o Androcentrismo nas Ciências Técnicas
Introdução
Parece não haver nada mais controverso do que um exame crítico das ciências naturais e dos seus resultados tecnológicos. Na maior parte das vezes, os debates oscilam entre dois extremos."
Coronavírus e o Colapso da Modernização
O coronavírus é o gatilho, mas não é a causa do agravamento da situação de crise. Vai acelerar a desintegração do capitalismo. Em contraste com a crise de 2007/8, que se agudizou nos bancos "sistemicamente importantes", agora também a economia real tem de receber milhares de milhões em ajuda. Mais uma vez é exigido o Estado (social), que na marcha triunfal do neoliberalismo foi desacreditado como uma espreguiçadeira social e um peso morto na concorrência pela localização do investimento. O que se tinha emproado como um modelo de sucesso do capitalismo da localização do investimento e "financeiramente impulsionado" não era mais do que uma estratégia para prolongar a crise do capitalismo. Portanto, não é por acaso que o coronavírus nos encontra com um sistema de saúde parcialmente privatizado que foi danificado pelos cortes e, nas regiões em crise, com o colapso por vezes completo das estruturas do mercado e do Estado."
Thomasz Konicz
Tempo de curandeiros
Uma visão polémica dos esforços de adaptação da ideologia capitalista
em tempos de crise climática manifesta.
"A ideologia não se sobrepõe ao ser social como uma camada destacável, mas mora no ponto mais íntimo do ser social".
Adorno, Dialéctica Negativa
Perante a crise climática, a confiança da humanidade no capitalismo como o melhor de todos os mundos possíveis está a derreter-se ainda mais depressa do que os icebergues e os glaciares do Ártico. É "um resultado alarmante" o que revelou um inquérito global abrangente sobre a confiança na ordem económica capitalista, afirmou em Janeiro de 2020 uma porta-voz da "empresa de comunicação", Edelman. (1)
Tempo de curandeiros - (Tomasz Konicz; Abril de 2020)
Convite ao sacrifício - (Tomasz Konicz; Abril de 2020)
"Ao compasso do dinheiro", de Eske Bockelmann
Para nós, sujeitos modernos, divididos em "cabeça" e "estômago", quase nada parece pertencer tão claramente a este último, isto é, enraizado na nossa própria corporeidade, como o nosso sentido do ritmo. O que é rítmico e o que não é pode ser difícil de pôr em palavras de uma forma geralmente aceite, mas, no entanto, sabemos o que é assim que o ouvimos. Faz sentido considerar uma sensação tão elementar como natural, como parte do nosso equipamento biológico básico, e assim também acontece quando o sentido do ritmo está ligado ao batimento cardíaco ou ao ritmo do caminhar (de duas pernas). Mas não é assim. Como tantas coisas que o pensamento iluminista considera erroneamente como "universalmente humanas", ou mesmo fundadas na biologia, o nosso ritmo, nomeadamente o ritmo do compasso, é também historicamente específico. Ele apareceu pela primeira vez no início do século XVII, e somente na Europa Ocidental; ele não existiu em nenhum outro lugar antes da sociedade burguesa, pertence a ela e somente a ela."
O Ritmo do Absoluto "Ao compasso do dinheiro", de Eske Bockelmann - Claus Peter Ortlieb; Abril de 2004) Deutsch
Thomas Meyer
Entre a autodestruição e a ilusão de viabilidade tecnocrática
O transumanismo é a higiene racial actual
1. Introdução * 2. Sobre a produção de ideologia das ciências * 3. A mania da optimização transumanista: eugenia, aperfeiçoamento e perpetuação das fantasias do sujeito burguês * 4. O transumanismo como culto da morte da imanência total * 5. O transumanismo como espectáculo de masturbação narcisista * 6. Conclusão * Bibliografia
VELHICE (ENVELHECIMENTO) E DISSOCIAÇÃO-VALOR
Temos de fazer alguma coisa!
Fetichismo da acção numa sociedade sem reflexão
1. Agir e mudar * 2. O agir enquanto luta pela igualdade e pela influência política na forma capitalista * 3. Agir numa "sociedade sem reflexão" * 3.1 Limites do agir na crise do capitalismo * 3.2 Falsa imediatidade numa "sociedade sem reflexão” * 4. A religião numa sociedade sem reflexão * 5. Que fazer?
Ilusão Matemática
Com o texto "Ilusão matemática", Claus Peter Ortlieb volta ao fundamental de uma crítica das ciências matemáticas da natureza. Sabe-se que, particularmente as ciências naturais, reivindicam para si uma objectividade que pretende nada ter a ver com os sujeitos investigadores, nem com o seu interesse social específico no conhecimento, nada ter a ver com a forma social; assume-se, por assim dizer, a "visão de lugar nenhum" (Elisabeth Pernkopf). Ortlieb opõe-se à ideia, amplamente generalizada nas ciências exactas, de que a realidade é, na sua essência, de natureza matemática, de que a matemática e as leis formuladas na sua linguagem seriam, portanto, uma qualidade natural, independente das pessoas e do seu olhar sobre o mundo. A análise exacta do procedimento matemático-científico real prova que esta ideia está errada. Trata-se de um fetichismo, que projecta a sua própria forma de conhecimento historicamente específica e os seus instrumentos no objecto do conhecimento, fazendo daqueles propriedade deste. A conexão com o fetichismo da mercadoria é óbvia, e também pode ser mostrado que o conhecimento matemático da natureza tem como seu pressuposto a dissociação do feminino. (Apresentação do texto na exit! n º 15, Abril de 2018).
Ilusão matemática - Claus Peter Ortlieb; exit! n º 15; Abril de 2018) (pdf) Deutsch
Objectividade Inconsciente
Aspectos da Crítica das Ciências Matemáticas da Natureza
Objectividade Inconsciente - (Claus Peter Ortlieb; 1998) Deutsch Español
Elogio de Claus Peter Ortlieb
Agradecemos à família de Claus Peter Ortlieb por podermos publicar aqui o discurso proferido por Herbert Böttcher.
Thomas Meyer
"Nova política de classe"? – Notas críticas sobre discursos actuais (1)
I.
Há já algum tempo que a questão social e a política de classe têm vindo a ser cada vez mais discutidas. Embora as situações sociais etc. tenham sido discutidas desde a primeira década do século, este discurso recebeu um novo impulso nos últimos anos. Uma das razões para isso foi a eleição de Donald Trump, que também foi eleito pelos "trabalhadores" (2). (3) Além disso, estes discursos são motivados pelo facto de a "nova direita" também se referir à "questão social" (ou ao que a direita entende por ela): como o Front National, ou Björn Höcke, que apela ao "patriotismo solidário". Este discurso foi alimentado por várias publicações, especialmente o Regresso a Reims de Didier Eribon. (4)"
Crítica do valor como embalagem enganadora
1. Introdução
Passaram já alguns anos desde a divisão da Krisis e a consequente dissolução do seu anterior contexto (cf. Kurz 2004). Anos em que os textos da Krisis (e da Streifzüge) têm sido repetidamente criticados pela Exit. (1) Seja por propagarem uma crítica redutora do trabalho, escamoteando ou ignorando as críticas ao sexismo, ao anti-semitismo e ao racismo, seja por expressarem um ponto de vista de classe média de homens precarizados (cf. Scholz 2005). O mais tardar com a referência positiva ao "software livre" e com o escândalo das mercadorias que supostamente já não o são, ou seja, com a propaganda dos chamados "bens universais" como a suposta "irmã das mercadorias", ficou evidente a fixação na esfera da circulação e a adesão ao individualismo metodológico (cf. Kurz 2008)..."
Superação da Forma
Entrevista de Wilhelm Beermann
"Acho que há aqui um mal-entendido. A crítica do capital não é automaticamente uma crítica da forma social, da própria forma da mercadoria. Esse é o problema central. Referir-se à forma da universalidade, no sentido em que se diz que há aqui uma autocontradição, isto é, que a forma da universalidade não é tão universal como diz – isso é um mal-entendido para mim. Pois a forma que está aqui em questão, a conotação que ressoa aqui, é naturalmente a universalidade de tudo o que tem o rosto humano, num sentido positivo. Mas se a virarmos e dissermos que esta universalidade, esta abstração da forma, é que é em si negativa, então também podemos identificá-la com a forma da mercadoria, sendo que todos estamos entretanto na forma da mercadoria, e também na subjectividade. E agora, na medida em que elas hoje se tornam assim, ou se tornaram reais, a negatividade dessa universalidade também emerge, e terá de ser criticada como tal. Assim, não mais em sua autocontradição, onde a universalidade ainda teria de ser redimida, mas na superação dessa universalidade abstracta em si e, portanto, na superação da liberdade e da igualdade, que como abstrações puras que são nada mais reflectem do que a liberdade e a igualdade da própria forma. Isso – penso eu – é uma diferença decisiva relativamente a Theunissen."
Roswitha Scholz
O fim da pós-modernidade e a
ascensão de "novos" pseudo-realismos.
Objecções da crítica da dissociação e do valor ao novo realismo,
ao realismo especulativo e ao aceleracionismo
O artigo aborda as muito discutidas linhas de pensamento do novo realismo, do realismo especulativo e do aceleracionismo. Embora com isso regressem ao centro das atenções conceitos como verdade, realismo, materialismo e "coisa em si" (Kant), ao contrário do desconstrucionismo até recentemente dominante, no entanto, significativamente, ao mesmo tempo esses conceitos voltam a ser revogados, como se verá. A constituição fetichista da socialização patriarcal capitalista, que é o que importa agora, permanece excluída. Em vez disso, tais linhas de pensamento voltam a cair de maneiras diferentes no positivismo, na racionalidade, na ideia de progresso e/ou num irracionalismo, ou seja, em arquétipos do pensamento burguês-patriarcal, que se alimenta em grande parte da dissociação do feminino. Elas provam ser completamente incapazes de contribuir com qualquer coisa para transcender a catastrófica socialização patriarcal capitalista. Tais movimentos de pensamento são, portanto, mais uma fuga à realidade do que uma preocupação em transcendê-la (criticamente).(Apresentação do texto na exit! nº 15.
Jan Luschach
GESTÃO DA CRISE PARA O POVO
Uma invectiva contra "Mr. DAX".
Desde que a crise fundamental já não se reflecte apenas na periferia, mas também directamente nos centros ocidentais, onde a classe média sustém a respiração com medo do próximo colapso, também as convulsões sociais estão cada vez mais a pressionar no sentido do seu processamento ideológico. Aqueles que ainda não estão prontos a traduzir a raiva ideológica em violência física contentam-se, por enquanto, com as produções, que brotam como cogumelos, de jornalistas de investigação e de representantes independentes dos media. O especialista em bolsa Dirk Müller, mais conhecido por "Mr. DAX", também se conta entre estes. Autor de um bestseller da Spiegel e convidado bem-vindo ao talk show, é uma figuração tão penosamente exacta e exagerada da ideologia pós-moderna tardia que quase aparece como uma caricatura de si mesmo. O objectivo destas linhas é apresentar um instantâneo do caso."
Gerd Bedszent
O poder do Estado desde o início da Idade Moderna até hoje
O Estado-nação como parteiro e prestador de serviços para a produção de mercadorias
Introdução
Sobre a questão do poder do Estado circulam as mais absurdas afirmações e analogias, em livros e na imprensa, bem como em vários fóruns na Internet. São sobretudo os partidários da direita radical que acreditam que os desenvolvimentos históricos podem ser simplesmente revertidos, através de uma violência brutal, de volta a um tempo em que a sociedade ainda estava alegadamente "em ordem", em que fronteiras estáveis separavam os Estados e os povos uns dos outros e não havia crises económicas. Mas algumas excentricidades também são expressas por autores e autoras de esquerda."
Boaventura Antunes
AS DÉCADAS DA ANTÍGONA
"Quando a Antígona iniciou a actividade em Junho de 1979, com a publicação do livro Declaração de Guerra às Forças Armadas e Outros Aparelhos Repressivos do Estado, já se acumulavam os sinais do “fim de uma época”. A rebelião do movimento estudantil de 1968, contra o “mofo milenar” das instituições sociais repressivas, espalhara-se como fogo na pradaria all over the worl. Mesmo nesta ocidental praia lusitana, quando em 1974 as forças armadas entraram em greve contra o anacrónico colonialismo que já não ia além da Taprobana, mulheres e homens de todas as idades ensaiaram em conjunto novas formas de socialização, para lá dos aparelhos repressivos alienados. O infantil ícone do cravo na ponta da espingarda mostrou, mais do que pretendia, a irreversível erosão das instituições sociais, ao tentar desconstruí-las."
As Décadas da Antígona - (Boaventura Antunes; Abril de 2019)
A Guerra de Ordenamento Mundial
O Fim da Soberania e as Metamorfoses do Imperialismo na Era da Globalização
A GUERRA DE ORDENAMENTO MUNDIAL - Robert Kurz (pdf)
A crise do sistema mundial e o novo vazio conceptual - (Robert Kurz; Janeiro de 2003) Español
As Metamorfoses do Imperialismo - Capitulo 1. (Robert Kurz; Janeiro 2003) Español English
Os Fantasmas Reais da Crise Mundial - Capitulo 2. (Robert Kurz; Janeiro 2003) Deutsch
O Médio Oriente e a Síndrome do Anti-Semitismo - Capitulo 4. (Robert Kurz; Janeiro 2003) Deutsch
O Império e os Seus Teóricos - Capitulo 7. (Robert Kurz; Janeiro 2003)
Da guerra de ordenamento mundial Ao amoque nuclear? - Capitulo 11. (Robert Kurz; Janeiro 2003)
Dominic Kloos
Alternativas ao capitalismo
Em teste: A economia do bem comum
Roswitha Scholz à conversa com Kim Posster
Entrevista à Jungle World de 28.02.2019
Afirmou uma vez que sem luta nada se alcança como mulher. Como podem as mulheres lutar contra o patriarcado produtor de mercadorias, objecto da sua análise, e, nesse combate, quais poderiam ser as aliadas e companheiras de luta?
Penso que não existe a alavanca central na qual nos possamos apoiar. Acho no entanto que a greve das mulheres já é um sinal. Mesmo na vida quotidiana se depara com muito sexismo enquanto mulher. Também isso tem de ser debatido. Existem para tal diferentes níveis. O meu é o da reflexão teórica, mas estou um pouco receosa de que esse boom de movimento possa matar a reflexão sobre de onde toda a repressão realmente vem. No que diz respeito a companheiras de luta, eu acho que não se pode nomear nenhum sujeito ou grupo em particular, no sentido de “agora vamos orientar-nos por eles”. Temos simplesmente de nos juntar a todas as pessoas que ainda têm os parafusos no lugar.
Boaventura Antunes
O FIM DA “SOCIEDADE DO TRABALHO” E O FIM DA SOCIEDADE DO DINHEIRO
(Introdução ao debate do livro de Yuval Noah Harari Sapiens: História Breve da Humanidade)
Roswitha Scholz
El sexo del capitalismo
Teorías Feministas y Metamorfosis Posmoderna del Patriarcado
Introducción:
Sobre el problema de la culturalización de lo social desde los años 80.
La teoría de Marx no juega un papel importante en el feminismo, al menos desde la caída del bloque oriental. Preguntas que dominaron la discusión hasta mediados de los años ochenta (por ejemplo: ¿Cómo puede la llamada "cuestión de género", la relación asimétrica de género, estar orgánicamente ligada a la concepción de Marx? ¿Cómo se puede desglosar la neutralidad de género de las categorías marxianas? ¿Cuáles son las indagaciones teóricas necesarias para este propósito?), hoy parecen sólo propias del pasado. En un momento en el que las grandes crisis sociales, económicas y ecológicas sacuden literalmente al mundo, en el que innumerables guerras civiles se desatan en todo el planeta, en el que la situación de penuria social se agudiza cada vez más, en el que se hicieron ostensibles los etnofundamentalismos y nacionalismos, en el que la destrucción de las bases naturales guiada por la lógica de los costes de las empresas progresa y en el que se cierne la amenaza constante de crash financiero, las denominadas "grandes teorías", que podrían esclarecer conceptualmente la situación de la crisis mundial, han caído en descrédito."
Gerd Bedszent
Marx de direita?
Sobre a tentativa de alimentar a administração da crise de direita com teoria de esquerda
Quando a direita radical subitamente se apresenta como social, ou mesmo como anticapitalista, o alarme deve tocar em todas as pessoas razoáveis. Afinal de contas, os políticos de direita e os militantes nazis são conhecidos pelo seu tratamento bárbaro de grupos populacionais indesejáveis. O roubo e assassinato de quase toda a população judaica da Europa durante a Segunda Guerra Mundial é o mais conhecido, mas não é de modo nenhum o único exemplo disso. Com os fenómenos de erosão crescente da sociedade produtora de mercadorias, era lógico e previsível que os direitistas radicais propagassem tentativas de administração violenta da crise. Não se pode esperar outra coisa dos radicais de direita; é para isso que eles existem. O ideal social da nova direita de um povo etnicamente homogéneo, resultante de um passado ideologicamente distorcido, equivale a uma tentativa de controlar a sociedade burguesa em desintegração com meios autoritários."
Ernst Lohoff e o individualismo metodológico
"Lohoff, como se disse, vai por outro caminho, no qual assume um processo de comoditização da riqueza material em mercadoria e depois o do capital dinheiro em mercadoria própria, em vez de tomar como ponto de partida o processo de constituição do capital global. Ele pensa que é necessário extrapolar este processo, determinando uma terceira fase de comoditização, ou seja, a formação de capital fictício como uma mercadoria que desempenha um papel dominante no capitalismo da terceira revolução industrial. Como veremos mais tarde, Lohoff bloqueia assim o caminho para uma teoria objectiva da crise.
Lohoff, portanto, não tem em conta o processo global do capital como pressuposto do movimento dos capitais individuais e das mercadorias individuais. Pois se o capital é o verdadeiro pressuposto da forma da mercadoria, então o "capital global" ou o "processo global" do capital tem de ser o verdadeiro pressuposto do capital individual e, portanto, da mercadoria individual, pois as categorias reais do capital, desde o início e em todos os planos da sua exposição, devem ser entendidas como categorias do todo social, do capital global e do seu movimento como massa global. "Apenas e só o capital global, o todo fetichista, é a entidade categorial." (Kurz 2012, 177 [157])"
Ernst Lohoff e o individualismo metodológico - (Bernd Czorny; Fevereiro de 2016) Deutsch
Gris es el árbol dorado de la vida,
verde es la teoría
El problema de la praxis como un tema recurrente de una crítica truncada del capitalismo y la historia de la izquierda
Cinzenta é a Arvore Dourada da Vida e Verde é a Teoria - (Robert Kurz; EXIT! nº 4 Junho de 2007) Deutsch
Thomas Meyer
Entre a ectogénese e a felicidade maternal
Sobre a reprodução do género humano na crise do patriarcado produtor de mercadorias
I.
A crise do patriarcado produtor de mercadorias reflecte-se não só no derretimento da substância do trabalho, mas também no aspecto subjectivo: O carácter social narcisista tornou-se um fenómeno de massas (Wissen 2017) e aparecem distorções ideológicas enormes, como se vê desde logo na ascensão do neofascismo (ver, por exemplo, Späth 2017 e Konicz 2018).
Mas também a área da reprodução do género humano mostra o seu próprio curso de crise. Isso expressa-se, por exemplo, no colapso da família e, sobretudo, no facto de ter filhos se tornar um "factor de perturbação" fundamental. No discurso público, este problema aparece, por um lado, num "feminismo de Estado", que entende por emancipação das mulheres sobretudo a integração no mercado de trabalho (precário), sendo (devendo ser) delegadas no Estado um número crescente de actividades de bem-estar. (1) Por outro lado, nos neo-conservadores que rejeitam esta forma de emancipação cívico-feminista e apostam na felicidade familiar privada..."
"Alguma coisa segue seu curso"(1) – ou:
O apito final que ninguém quer ouvir
Carta aberta às pessoas interessadas na exit! na passagem de 2018 para 2019
Já passaram dez anos desde que o crash dos mercados financeiros causou alvoroço a nível mundial. O governo dos EUA deixou o Lehman Brothers ir à falência. Esperava que o banco, relativamente pequeno, desaparecesse dos mercados sem dar muito nas vistas, mas as contas saíram furadas. Com a falência do Lehman, o instável sistema financeiro ameaçou colapsar, ficando completamente fora de controlo. O impacto reflectiu-se na queda das cotações, no adiamento dos investimentos, na redução do crédito, no aumento do desemprego e na diminuição do consumo."
Ler Marx!
Os textos mais importantes de Marx para o século XXI
Editados e comentados por Robert Kurz
Tradução de Boaventura Antunes
"Marx Lesen", Frakfurt am Main: Eichborn, 2001. ISBN 3-8218-1644-9.
As Metamorfoses do Yuppie Teutónico
Prefácio à nova publicação
O texto "As Metamorfoses do Yuppie Teutónico", de 1995, é publicado novamente na homepage da exit!, na rubrica "Aktuelles", dado que hoje, às vezes, mesmo nas discussões no contexto da exit!, parece como se a viragem à direita dos últimos anos tivesse caído do céu de repente. Este texto mostra que já antes eram previsíveis alguns desenvolvimentos que agora atingem o ponto culminante – alimentados pelo crash de 2007/8 e pela dinâmica da crise social mundial, que necessariamente trazem consigo movimentos massivos de refugiados – e significam um novo nível de barbárie e decadência pós-modernas. Tendo a primeira publicação, em meados dos anos 90, sido recebida com forte desagrado na redacção da Krisis de então e no respectivo meio, entretanto há anos que o "anti-semitismo estrutural", no contexto dos processos de globalização, constitui um componente estável da Krisis residual. É claro que o conflito de então nem sequer é mencionado.
O artigo sobre o "Yuppie Teutónico" baseia-se, entre outras, em análises anteriores de Jürgen Elsässer, que entretanto se converteu à direita, à moda da frente transversal, como outros (antigos) esquerdistas. Suas considerações do início dos anos 90, em muitos aspectos plenamente acertadas, confirmam-se hoje nele mesmo: ele tornou-se aquilo para que então insistentemente alertara.
As tarefas da crítica da dissociação-valor então formuladas não foram entretanto concluídas, mas continuaram a ser desenvolvidas a traços largos, justamente no que define a relação de mediação entre "raça"/anti-semitismo, classe e género (por exemplo, Scholz, “Diferenças da crise – crise das diferenças”, 2005), sendo que também foi evidenciada a central estrutura de exclusão no que respeita ao anticiganismo, amplamente negligenciado na esquerda (designadamente, Scholz, “Homo sacer e os ciganos”, 2007).
Roswitha Scholz pela Redacção da exit!, Novembro de 2018
A MULHER COMO CADELA DO HOMEM
O cinismo de Mandeville só é ultrapassado pelo do famoso Marquês de Sade (1740-1814), que justamente goza da duvidosa honra de ter o nome associado ao prazer de torturar, que é o sadismo. Na sequência directa de Hobbes e num tom ainda mais duro, Sade também caracterizou, em frases tão secas como claras, a forma de mónada do homem capitalista, logo no início desta ordem social, até hoje a mais monstruosa. “Não nascemos todos isolados? Digo mais: todos inimigos uns dos outros, num estado de guerra perpétuo e recíproco?” (Sade, 2013, p. 87) E, tal como Mandeville, Sade expressou as convicções fundamentais do liberalismo capitalista, sempre apenas insuficientemente veladas, com uma franqueza que, mesmo nas posteriores ideologias racistas, só parcialmente conseguiu ressurgir..."
Thomas Meyer
VIGIAR E PUNIR
Terror de Estado democrático em tempos de neoliberalismo
"É sabido que, no patriarcado produtor de mercadorias, o ser humano apenas é reconhecido na medida em que possa provar que é um trabalhador produtivo. Os direitos que lhe são concedidos pela autoridade do Estado são válidos apenas sob reserva. O ser humano tem de enfiar-se à força na capa da forma da subjectividade burguesa, para poder depois lutar pela sua "felicidade" como "agente do trabalho abstracto" (Robert Kurz) (1) ; o que, desde logo, significa ter de vender-se de corpo e alma. Ao mesmo tempo, as categorias reais capitalistas, como dinheiro, mercadorias e trabalho, são consideradas pelo senso comum burguês como determinações ontológicas da existência humana. Assim que se começa a questioná-los na prática, os muito alardeados tolerância e pluralismo burgueses esbarram no seu limite absoluto, e os sujeitos começam a sentir claramente a força da mão visível do Estado (na verdade, já clara nas lutas sociais puramente imanentes ao sistema, como mostram o passado e o presente) (2).
O FIM DA ECONOMIA NACIONAL
"Que o capitalismo especulativo de simulação se encontrava em rápido processo de decomposição e dissolução categorial em fins do século XX já está claro em muitos aspectos. Não somente o contexto social se dissolve em uma atomização social jamais vista, e não apenas partes inteiras do mundo experimentam uma queda civilizatória em grandes colapsos econômicos; também a nação burguesa, uma categoria essencial da socialização capitalista, cambaleia. Se a nação foi inventada somente no curso da história da modernização capitalista, então, no fim dessa história, ela explodiu em seu próprio interior – a economia fora de controle do capitalismo de crise, que faz explodir a “bela máquina”, destrói seu próprio sistema de referência também nesse aspecto."
Thomas Meyer
Nota prévia a "A crise do valor de troca", de Robert Kurz
"Apresenta-se aqui expressamente de novo um texto fundamental da crítica do valor, "A crise do valor de troca", escrito por Robert Kurz há já 32 anos. Este texto foi o ponto de partida para posteriores textos e livros sobre a teoria da crise, em que as ideias deste texto continuaram a ser desenvolvidas ou foram mais explicadas, não em último lugar tendo por fundo uma crítica da crítica androcêntrica do valor, formulada por Roswitha Scholz no seu texto "O valor é o homem" (1) e em vários outros. Note-se que este texto fundamental da teoria da crise não é mencionado em lado nenhum por Trenkle e Lohoff no seu livro "A grande desvalorização" (2), sendo que "O colapso da modernização" (3), também de Robert Kurz, é mencionado apenas de passagem, numa nota de pé de página. É uma desonestidade sugerir que a teoria da crise teria saído mais ou menos da cabeça deles (citando aí os dois autores para o efeito também Postone e Konicz)..."
Gerd Bedszent
A OLIGARQUIA COMO MANIFESTAÇÃO DA EROSÃO DO PODER DE ESTADO
"O termo "oligarquia", herdado da Antiguidade grega, mais não significava realmente do que "poder da minoria", e é geralmente usado no sentido de "domínio dos ricos". O que leva frequentemente os marxistas tradicionais à conclusão apressada de que os Estados capitalistas são todos oligarquias.
É claro que um Estado capitalista moderno só com muita reserva pode ser comparado às formações de poder da Antiguidade. Assim, o termo sofreu uma mudança de significado no nosso tempo. Como oligarcas são actualmente designados os magnatas da economia, que podem estabelecer e impor as suas próprias regras, devido à posição económica proeminente num território limitado, na ausência de um poder estatal em funcionamento. Isso foi possível nas fases iniciais do desenvolvimento do Estado burguês e é-o ainda mais agora, na fase de desmoronamento do poder estatal moderno."
Thomas Meyer
Big Data e o novo mundo inteligente como estádio supremo do positivismo
1. Introdução: A mediação da teoria e da empiria como totalidade concreta * 2. Algumas ideias críticas sobre o uso da matemática nas ciências (sociais) * 3. A física social de Alex Pentland * . 4. Matemática aplicada como meio de repressão * 5. A Internet das Coisas e a idiotice do indivíduo abstracto * 6. Excurso: Sobre o problema da ética ou moral na crítica social * 7. Big Data e o "Fim da Teoria"
Timm Graßmann
DEPOIS DE NÓS, O DILÚVIO
Recensão do livro de Kohei Saito: Natur gegen Kapital. Marx’ Ökologie in seiner unvollendeten Kritik des Kapitalismus [A Natureza contra o Capital. A ecologia de Marx em sua inacabada crítica do capitalismo].
Figuras supostamente ligadas a Marx, segundo se ouve dizer, alertaram para a ecologia como "o novo ópio das massas", (1) afirmaram que "[a] natureza não existe" (2) e explicaram que "a sustentabilidade como tal não é um tema de esquerda" (3). Em sua presente dissertação, Kohei Saito remove essas excentricidades, mostrando que às vezes vale a pena dar outra olhadela ao trabalho inacabado de Karl Marx. E consegue provar que o "casamento infeliz" entre marxismo e ecologia não pode ser estabelecido a partir da própria obra de Marx. Não só Marx não era um modernista ingénuo, que tivesse sido porta-voz dum produtivismo sem ressalvas e glorificado a era industrial, mas "o verdadeiro objectivo da crítica da economia política de Marx não pode ser entendido correctamente [...] se se negligenciar o aspecto da ecologia" (p. 14). Saito acabou por realizar o seu ambicioso projeto: retratar com tal detalhe o pensamento ecológico de Marx, com base na sua crítica da economia, é uma novidade. (4)
Depois de nós, o dilúvio - (Timm Graßmann; Maio de 2018)
ESPLENDOR E MISÉRIA DO ANTI-AUTORITARISMO
Tópicos para a história ideal e real da “Nova Esquerda”
A honra perdida do trabalho - (Robert Kurz; Krisis nº10 Janeiro de 1991) Deutsch
Tomasz Konicz
DA SUPERSTIÇÃO À CRENÇA CIENTÍFICA
A nova "Marcha pela Ciência" também revela
como a regressão social está adiantada no capitalismo tardio
DISSOCIAÇÃO-VALOR, GÉNERO E CRISE DO CAPITALISMO
CLARA NAVARRO RUIZ ENTREVISTA ROSWITHA SCHOLZ
MARX 2000. LA IMPORTANCIA DE UNA TEORÍA DADA POR MUERTA PARA EL SIGLO XXI
(não traduzido em Português)
Thomas Meyer
“Crimes económicos e outras bagatelas" – Breve comentário ao novo livro de Gerd Bedszent
Daniel Späth
Teoria da alienação e pós-modernidade tardia
O "pesadelo das gerações" e o seu regresso zombie em tempos de desintegração social
O renascimento da teoria da alienação e o início da era pós-marxista * Crítica da dissociação-valor e "duplo Marx" * A recepção marxista em contradição – a luta pelo "verdadeiro Marx" e os seus pressupostos burgueses * O "Marx exotérico" da crítica da alienação * O contexto condicional social real da crítica da alienação: A pós-modernidade tardia e a naturalização do sujeito em desintegração do estado de necessidade * A redução da crítica da identidade de Marx na lógica da identidade e o fundo tácito da forma androcêntrica da teoria * "Crítica categorial" ou barbárie
DISSIDÊNCIA PREGUIÇOSA
As características da síndrome de oposição destrutiva na teoria crítica *
O texto inédito de Robert Kurz "Dissidência preguiçosa. As características da síndrome de oposição destrutiva na teoria crítica" baseia-se em muitos anos de experiência justamente com uma “oposição destrutiva” em contextos teóricos de esquerda. Trata-se no essencial do seguinte: "Cada posição da teoria social crítica contém necessariamente contradições internas não resolvidas e questões em aberto, é inacabada e marcada na sua formulação pela individualidade nem sempre nobre dos seus autores. Nenhum corpus de publicações teóricas pode, portanto, ser subscrito integralmente por todos e todas neste contexto comum até ao último detalhe, por assim dizer com o próprio sangue ... A dissidência pode ser bastante proveitosa, quando ocorre como mudança de via histórica, no local intelectual do fim de uma época." Como exemplo ele cita a constituição da antiga crítica do valor ou a crítica da dissociação-valor. Neste caso, no entanto, corre-se o risco de uma forma de dissidência que é tudo menos apontada para a frente: "Teria de se falar, nesse sentido, de uma dissidência regressiva, que geralmente também pode ser designada como dissidência preguiçosa; aludindo, com certeza, ao conceito hegeliano de 'existência preguiçosa'. Trata-se aqui, nomeadamente, não apenas de um papel regressivo no interior de uma transformação teórica, mas mesmo de um impulso de auto-afirmação abstracta destrutiva, ou de uma oposição vazia ... especialmente hoje, em tempos pós-modernos, cujas criaturas se assustam perante qualquer definição, quando parecem ter aderido a um grupo teórico ou político." Vemos repetidamente que temáticas amplamente trabalhadas, como, por exemplo, uma referência crítica ao iluminismo, a rejeição de um entendimento de práxis problematicamente imediato e de uma referência filosófica existencial a "a vida" (ver acima), a definição da relação de dissociação sexual como relação equiparada ao valor para a determinação da forma social, etc., são questionadas no meio mais próximo da EXIT!, sendo proferidos de novo contra elas argumentos mais que velhos, como se fossem algo "completamente novo". Isto é cansativo e não leva longe, tanto mais que existem alguns textos em que essas posições já foram longa e amplamente discutidas e criticadas. Neste contexto, Kurz critica também uma divagação transversal (e/ou queer) pós-moderna, que propaga um pluralismo de opiniões abstracto, sem referência ao conteúdo. “Os misturadores de teorias e mediadores de teorias procedem como se o conflito não residisse na coisa em si, mas apenas na unilateralidade do pensamento dos protagonistas; até que os amistosos pensadores queer mostrem o meio-termo dourado, que, infelizmente, sempre leva apenas à desrealização pós-moderna da coisa em si". (Apresentação do texto na EXIT! nº 14)
Diferença, dissenso e dissidência * Pensar por si engorda * Liberdade de crítica * Kannitverstan [não entendo] * Incómodo é agradável * Presente e contra * Heroicamente contra as proibições de pensar * Pensar transversal (e/ou queer) liberta
CRÍTICA DA DISSOCIAÇÃO-VALOR E TEORIA CRÍTICA
l.
Donde surge a crítica da dissociação-valor? Em que medida o seu ponto de partida é a teoria crítica? Fui socializada no tempo dos chamados novos movimentos sociais, tendo o movimento das mulheres sido para mim o ponto de referência central. O que se passou então, a meu ver, foi como Silvia Bovenschen descreveu uma vez o ambiente nos primeiros tempos do movimento das mulheres: "Acordámos e o mundo estava diferente". No entanto, logo me chocou o que na teoria crítica se chama "falsa imediatidade". Natureza/ecologia, a questão da mulher, etc. eram agora separadas da intenção original de crítica do capitalismo. Um best-seller na década de 1980 chamava-se Technik und Herrschaft [Tecnologia e dominação], o problema da dominação era agora deslocado para a tecnologia e a mãe natureza tornou-se o verdadeiro ponto de referência do feminismo para partes do movimento das mulheres. Neste contexto, na primeira metade da década de 1980 deparei-me com a Dialéctica do iluminismo, que me pareceu oferecer um ponto de partida para a "questão primordial" do feminismo desde 1968: Como juntar Marx e feminismo, mais a questão ecológica e outras com a repressão da natureza interior? Ao mesmo tempo, entrei então em contacto com os começos de um marxismo crítico do valor, que já em meados dos anos de 1980 tinha feito prognósticos precisos (não profecias) sobre a desintegração do capitalismo nas décadas seguintes, os quais em grande medida foram entretanto confirmados empiricamente.
A frieza para com o próprio eu
e a pulsão de morte do sujeito sem fronteiras
A importância da crítica do valor e da crítica da dissociação-valor para a ciência da história
Sobre a relevância persistente de Karl Marx
Leni Wissen
A matriz psicossocial do sujeito burguês na crise
Uma leitura da psicanálise de Freud do ponto de vista da crítica da dissociação-valor
"Um olhar sobre a imposição e desenvolvimento da sociedade patriarcal capitalista deixa claro que a história interna do capitalismo é perpassada por crises. Socialização capitalista e crises não podem ser pensadas em separado. Mas desde a década de 1970 apresenta-se-nos um processo de crise que aponta para a questão de um "limite interno absoluto do capital" (Kurz 2007, 1ª ed. 2006, 280). Já Karl Marx tinha apontado a possibilidade de um limite interno do capital; a teoria da crise da crítica da dissociação-valor vê esse 'limite interno absoluto da socialização do valor' tornar-se historicamente actual com o aumento dos processos de crise no contexto da terceira revolução industrial: pois, por meio da revolução microeletrónica, é tornado supérfluo mais trabalho no conjunto da sociedade do que pode ser compensado com a expansão dos mercados etc. Este contexto tem sido muitas vezes apontado por parte da crítica da dissociação-valor."
A MÁSCARA DA MORTE VERMELHA
Capitalismo de casino, movimento feminista e desconstrução
Nota Prévia * Juventude, capitalismo de casino e “(des)construção” * A estetização da oposição radical * (Mulheres) em movimento à moda antiga após o colapso do bloco de Leste * Baile de máscaras dos sexos e alienação * Desconstrução e (etno)fundamentalismo * Após a desconstrução… * Bibliografia * Notas
2.ª edição de MANIFESTO CONTRA O TRABALHO
2.ª edição de Manifesto Contra o Trabalho - (Antigona; Abril de 2017
TRABALHO E CAPITAL SÃO AS DUAS FACES DA MESMA MOEDA
"A esquerda política sempre adorou o trabalho com particular fervor. Não só elevou o trabalho ao estatuto de essência do Homem, como produziu a mistificação de transformá-lo num princípio pretensamente oposto ao capital. Na sua perspectiva, o escândalo não é o trabalho, mas sim a exploração do trabalho pelo capital. Por isso, o programa de todos os «partidos dos trabalhadores» sempre foi somente «libertar o trabalho», mas não libertar do trabalho. Ora, o antagonismo social entre capital e trabalho é uma mera contradição de interesses distintos no interior da finalidade autotélica do capitalismo (embora o poder de cada uma das partes seja muito diferente). A luta de classes era a forma de expressão desses interesses antagónicos no terreno social comum do sistema de produção de mercadorias. Fazia parte da dinâmica interna da valorização do capital. Quer a luta fosse por salários, por direitos, por condições de trabalho, ou por postos de trabalho, o seu pressuposto cego continuava sempre a ser a engrenagem dominante com os seus princípios irracionais."
Roswitha Scholz
O ódio às mulheres está novamente a aumentar
Roswitha Scholz
Tesis Sobre Capitalismo y Relaciones de Género
Richard Aabromeit
As transformações milagrosas da criação de valor
Uma pequena história
"A criação de valor na economia capitalista é desde há cerca de 400 anos uma grandeza fixa, mas também um tema recorrente nas discussões de tipo económico, político, social e até mesmo moral. O que começou por ser estudado em livros e levou a novos livros, é hoje carregado e comunicado na Internet numa parte significativa. Assim me deparei eu há alguns meses, enquanto nela navegava, com o conceito de "criação de valor digital", ou de "cadeias de criação de valor digitais". Portanto, agora também o valor, ou a sua criação, a sua produção, teria recaído na digitalização. Como poderia uma categoria abstracta real ser "digitalizada"? Isso não estava imediatamente claro – assim eu pesquisei um pouco, para esclarecer um pouco a história deste neologismo – e a curta história ficou pronta!"
As transformações milagrosas da criação de valor - (Richard Aabromeit; Outubro de 2016)
IMPERIALISMO DE EXCLUSÃO E ESTADO DE EXCEPÇÃO
Uma vez que a crise fundamental se tem agudizado cada vez mais, em crashes financeiros, bancarrotas nacionais, conflitos armados, movimentos de refugiados, fome e miséria e não só, vamos publicar de novo nesta edição certas partes do livro esgotado Weltordnungskrieg [A guerra de ordenamento mundial] de ROBERT KURZ. Dada a miséria dos refugiados, no contexto de um ser supérfluo generalizado no decurso do tornar-se obsoleto do trabalho abstrato, a que corresponde o terror da exclusão e uma expansão global cada vez mais visível do estado de excepção, queremos combater também uma (nova) ausência de ideias, que se exprime bem, na sua forma mais aberta, mais brutal e mais imediata, na construção de muros e em actos de violência racista, mas pode assumir formas muito mais subtis e mais hipócritas (por exemplo, na restrição do direito de asilo) e exprimir-se numa suspeita e demasiado "amigável" cultura de boas-vindas. É preciso mostrar aqui que o estado de excepção tem uma longa história, que é mesmo decididamente constitutivo para o capitalismo desde o seu surgimento, e que é necessária uma crítica radical e categorial para abolir as respectivas estruturas. Neste sentido, selecionámos do livro de Kurz capítulos e passagens que têm por temas "imperialismo de exclusão" e "estado de excepção". Já está em andamento uma reedição do livro. (Apresentação do texto no editorial da revista EXIT! nº 13)
Daniel Späth
A "pós-verdade" e o último combate de rectaguarda da pós-modernidade neoliberal
Notas sobre a especificidade histórica das conjunturas ideológicas
Richard Aabromeit
Agência pós-moderna de viagens a eventos em dificuldades
Agência pós-moderna de viagens a eventos em dificuldade - (Richard Aabromeit; Agosto de 2016)
SEMINÁRIO LER MARX
LER MARX! – TESES PARA UM SEMINÁRIO
Seminário ler Marx - (Roswitha Scholz; Setembro de 2016)
CAPITALISMO DE ROSTO HUMANO
Capitalismo de rosto humano - (Tomasz Konicz; Julho de 2016)
"Halt ze German advance"
Com a vitória do campo do Brexit a forma actual da UE dominada pela Alemanha chegou de facto ao fim. A questão é: o que vem a seguir?
"Halt ze German advance" - (Tomasz Konicz; Junho de 2016)
Thomas Meyer
Crítica do feminismo neoconservador de Birgit Kelle – ou a miséria da análise no milieu queer
Crítica do feminismo neoconservador de Birgit Kelle - ou a miséria da análise no milieu queer - (Thomas Meyer: Junho de 2016) Deutsch
Gerd Bedszent
O PLANETA DOS SUPÉRFLUOS
O Planeta dos Supérfluos - (Gerd Bedszent: EXIT! nº13 Janeiro 2016)
Daniel Späth
Adornitas encasacados e masculinidade sensível
Roswitha Scholz
CRISTÓVÃO COLOMBO FOREVER?
Para a crítica das actuais teorias da colonização no contexto do "Colapso da modernização"
ROSWITHA SCHOLZ neste artigo discute as recentes teorias da colonização no contexto do "Colapso da modernização". Tais teorias ganharam ímpeto no debate da esquerda, pelo menos desde o crash de 2007/2008. Segundo Klaus Dörre, o pressuposto básico, apesar de todas as diferenças em cada abordagem, é que o capitalismo precisa de um exterior para continuar a existir. Frequentemente pressupõe-se uma "acumulação primitiva" sucessivamente repetida. Esta não é considerada limitada aos primórdios do capitalismo, mas é declarada a lei central eterna do capitalismo. Scholz, neste ensaio, contrapõe ao teorema da colonização e correspondentes hipóteses de uma permanente "acumulação primitiva" a dinâmica essencial do capital como “contradição em processo". Para evidenciar as diferenças relativamente à crítica da dissociação-valor, Scholz foca-se nas concepções de colonização de Klaus Dörre e Silvia Federici, proeminentes na Alemanha e não só, sendo que se pode atribuir Dörre uma orientação mais sindical e a Silvia Federici uma orientação mais operaista-feminista. Neste contexto, o artigo prossegue ainda com a dimensão negligenciada por Dörre e Federici das guerras civis mundiais hoje. Mas Scholz também mostra que não é suficiente colocar no centro a "contradição em processo", pelo contrário, a dissociação-valor tem de ser ser entendida como contexto dinâmico de base. Para, entre outras coisas, fazer justiça às diferentes disparidades sociais (económicas, racistas, anti-semitas, etc.) com as suas qualidades próprias, ela tem em conta a dialéctica negativa de Adorno, que naturalmente está em conformidade com a lógica do não idêntico da crítica da dissociação-valor. (Resumo na Revista EXIT! nº 13)
Cristóvão Colombo Forever? - (Roswitha Scholz: EXIT! nº13 Janeiro 2016) Deutsch
EM MEMÓRIA DE UDO WINKEL
(1937-2015)
"Conheci Udo na Primavera de 1984. Um seminário sobre a Escola de Frankfurt no meu curso exigia alguns conhecimentos básicos sobre Marx e O Capital e assim me inscrevi num curso introdutório da “Initiative marxistische Kritik”. Aí encontrei então Udo, entre outros, que insistiam na teoria de Marx, procurando uma nova orientação contra o espírito do tempo, o qual visava sobretudo criticamente a técnica e as forças produtivas e colocava em primeiro plano a política na primeira pessoa, a preocupação. Udo era um antigo soixante-huitard que tinha fundado a SDS (1) na Universidade de Erlangen-Nuremberga com Robert Kurz e outros. No entanto não foi este o ponto de partida da sua carreira político-teórica."
Em memória de Udo Winkel - (Roswitha Scholz: EXIT! nº13 Janeiro 2016) Deutsch
O CLÍMAX DO CAPITALISMO
Breve esboço da dinâmica histórica da crise
Roswitha Scholz
O REGRESSO DO JORGE
Notas sobre a "cristianização" do espírito do tempo pós-moderno
e sua viragem para o decisionismo autoritário
"Paulo declara na Epístola aos Romanos que só devido à proibição do desejo tinha tido a ideia de desejar, tendo assim já prevaricado contra a lei do ‘não desejarás’, tornando-se pecador e dando deste modo à lei a possibilidade de se legitimar. O objectivo da lei consistiria então única e exclusivamente em justificar a sua própria dominação (!) e em assegurar as relações vigentes. Por isso mesmo, ela também poderia ser abolida por completo. Tirando esta última consequência, a acepção pauliana da lei corresponde à definição de Carl Schmitt, segundo a qual o soberano é aquele que decide sobre o estado de excepção" (Akrap, 2005).
É neste contexto que Badiou reclama agora um "novo Lenine", do qual, a seu ver, o apóstolo Paulo representa um protótipo. Acresce, diz ele, que o "gesto pauliano" deixa antever a perspectiva de Che Guevara, nomeadamente a "de que um outro mundo é possível". Do mesmo modo, também Slavoy Zizek intitula o seu novo livro "A revolução vem aí". Akrap comenta o feito: "Também poderia ter-lhe chamado ‘O modelo Paulo com barbicha à Lenine’" (Akrap, 2005). A este propósito também são de algum interesse os comentários de Anke Deuber-Mankowsky à ideia de Agamben de "Homo sacer": "Schmittiana é (…) também a interpretação da coincidência do interior com o exterior, como irrupção da catástrofe, que segundo Schmitt equivale à catástrofe da vinda do Anticristo (!). Assim, segundo Agamben, a catástrofe da Modernidade é a consequência da anulação da diferença entre a existência política (bios) e a vida nua (zoe) pelo facto de a vida nua – em vez de se distinguir da dimensão política – se tornar o fundamento da dimensão política no campo" (Deuber-Mankowsky, 2001, p. 107)."
O Regresso do Jorge - (Roswitha Scholz; EXIT! nº3 Janeiro 2006) Deutsch
Roswitha Scholz
MAIO CHEGOU
O padrão de digestão ideológica da crise nos contextos da crítica do valor
Da mesma forma que a crise dissolve a capacidade de reprodução da "classe média", que até agora se considerava em segurança, também a esquerda é tomada pelos padrões de elaboração ideológica que, pelos vistos, a ela estão ligados forçosamente. Roswitha Scholz demonstra neste texto que a "crítica do valor" surgida ao longo destes anos também disso não está a salvo. Os conceitos fundamentais da crítica do valor tiveram que ser implementados na esquerda, a custo, só no princípio dos anos noventa, por isso é que hoje se põe o problema da sua banalização, não só por uma recepção superficial nas diversas "cenas" da esquerda, como também pelas próprias tendências regressivas numa parte do anterior círculo da crítica do valor. Neste cenário, representado não apenas pelo resto da "Krisis", recorre-se agora à "preocupação" e a um "quotidiano" amplamente acrítico, bem como a uma ligação populista de esquerda com um mais vasto público do movimento. Há, no entanto, um perigo de recuperação por parte da direita e de posições conservadoras, se porventura, em caso de agravamento da crise, for esquecida a constituição da subjectividade da concorrência patriarcal-burguesa. Como fundamento desta crítica ideológica a uma versão banalizada da própria teoria crítica do valor designa Scholz o pano de fundo social comum de todas as tendências correspondentes: nomeadamente, "a transformação dos homens em donas-de-casa" (Claudia von Werlhof), incluindo nos círculos teóricos de esquerda, no domínio dos média etc., e "a queda da classe média" (Barbara Ehrenreich). Uma "crítica de trabalho" reducionista, bem como um conceito androcêntrico reduzido da "realidade social" têm que dar o mote da crítica do valor na colectânea "Dead Men Working"; racismo, anti-semitismo e sexismo são outra vez degradados a contradições secundárias com novas vestes, em vez de serem compreendidos no seu entretecimento com as disparidades económicas, a relação entre sexos e a construção da "raça", como faz a crítica da dissociação-valor. (Resumo na Revista EXIT! nº 2)
INTERESSES LOUCOS
As metamorfoses do imperialismo e a crise das interpretações
Homo Sacer e os ciganos: uma resenha de Larissa Costa Murad - (Julho 2015)
Roswitha Scholz
Homo Sacer e Os Ciganos
O Anticiganismo – Reflexões sobre uma variante essencial e por isso esquecida do racismo moderno
«Nas relações patriarcais capitalistas, a dissociação-valor é o princípio fundamental de socialização, e não apenas o “valor”. A dissociação é um pressuposto para a formação do trabalho abstracto, tanto como este, inversamente, é também seu pressuposto. Existe uma relação dialéctica entre ambos, que se foi transformando no decurso de um processo histórico. Na Modernidade “a mulher” é considerada um “ser natural domesticado”. Pelo contrário, enquanto banido o cigano é livre como um pássaro (vogelfrei); encontra-se no exterior do mundo do trabalho e da lei, e precisamente nesta exclusão ele está dialecticamente incluído na forma jurídica, como homo sacer par excellence – sem dúvida de uma forma diferente da concepção burguesa da relação entre os sexos. Se a dissociação-valor como princípio fundamental se manifesta, por exemplo, no facto de se imaginar a cigana como prostituta, vagabunda e (não em último lugar) ladra, representando o pólo oposto à dona de casa virtuosa e mãe da Modernidade, esta circunstância prende-se com a existência como homo sacer, que representa a “lei” autêntica e fundamental da socialização da dissociação-valor na forma da ausência da lei. Importante é também que a forma feminina, portanto a imagem da cigana, não por acaso representa o cigano enquanto tal, circunstância que deve lembrar que as modernas ideias sobre os papéis dos sexos também contribuíram para a constituição das relações ciganas aparentemente autóctones.»
Homo Sacer e "Os Ciganos" - (Roswitha Scholz; Exit! nº4 Junho de 2007 Deutsch
WOLPERTINGER NO PARQUE JURÁSSICO
A regressão imparável dos círculos da esquerda radical alemã
"Os fantasmas que andam por aí não são originais, mas dinossauros bonzai, resquícios de um passado glorioso que não chegam aos calcanhares do objecto da sua idolatria. É que Lenine e os verdadeiros coriféus do passado foram, no seu tempo, tudo menos papagaios dos esplendores passados de movimentos e revoluções mas, sim, revolucionários da teoria. E hoje, o que está na ordem do dia, é a revolução da crítica do valor, e não a nostalgia teórica.
Será que os diversos sósias do marxismo do movimento operário acreditam mesmo que podem incutir, uma vez mais, uma "consciência de classe adequada" a um aglomerado social feito de desempregados permanentes, mães solteiras dependentes das prestações da segurança social, sociedades anónimas unipessoais, trabalhadores apenas aparentemente independentes, empresários do pão que o diabo amassou, trabalhadores temporários, aristocratas operários da indústria de armamentos, burocratas sociais da administração de crise etc.? Acreditam mesmo que podem, uma vez mais, recorrer à resistência social sob o rótulo da "luta de classes"? Acreditam mesmo poderem, uma vez mais, abarcar um capitalismo globalizado em função dos imperativos da economia industrial com os conceitos dos imperialismos nacionais? Acreditam mesmo ser-lhes possível reivindicarem, uma vez mais, num mundo marcado pela sobreacumulação estrutural, por crises de dívida e por um capital fictício globalizado, a "mais-valia usurpada" para a "classe criadora de todos os valores", o que, de qualquer forma, sempre foi mais a opção de Lassalle que a de Marx? Acreditam mesmo poderem formular como objectivo socialista, após o colapso da "modernização recuperadora", uma vez mais uma "produção de mercadorias planificada" instituída por um "estado operário"? Quando a esquerda restante, incapaz de renovar a crítica do capitalismo com recurso à crítica do valor, cacareja, na falta de outros conceitos, "luta de classes", em nada contribui para um desenvolvimento ulterior dos esboços de um movimento social.
A regressão em curso de uma esquerda que, na realidade, há muito tempo que deixou de ser radical, já nem sequer pode ser designada, segundo a tão esforçada sentença de Marx, como a farsa que se segue à tragédia. É que a farsa já passou. Quando a "nova esquerda" celebrou, por ocasião das greves de Setembro de 1969 na indústria automóvel, a "redescoberta da classe operária", já se tratava de um malentendido histórico grosseiro. Hoje não existe qualquer manifestação social real que convide a um revivalismo das palavras de ordem do marxismo do movimento operário. Trata-se de uma necessidade puramente ideológica de uma esquerda residual atolada no passado, do mero produto da decomposição de um edifício de ideias em dissolução."
Roswitha Scholz
Na homepage da revista Streifzüge foi reproduzida a 29 de Abril de 2015 uma homenagem a Robert Kurz publicada antes em Nachdenkseiten, com o título Das Nirwana des Geldes. Zum Gedenken an Robert Kurz [O nirvana do dinheiro. Em memória de Robert Kurz], de Götz Eisenberg. Há aqui uma usurpação fraudulenta de Robert Kurz, como que um self-service canibalesco. Robert Kurz, desde a cisão da Krisis em 2004 até à sua morte em 2012, nunca se cansou de atacar uma crítica do valor redutora que, escaqueirada e com carga vitalista, se esforça por obter um "impacto alargado", de maneira populista. Sobretudo no texto Seelenverkäufer. Wie die Kritik der Warengesellschaft selbst zur Ware wird [Vendedores de almas. Como a crítica da sociedade das mercadorias se torna ela própria uma mercadoria], ele submeteu a uma severa crítica o auto-entendimento e a orientação pluralista da Streifzüge, como exemplo do “movimento interno da contradição de forma e conteúdo da crítica categorial”.
Esta crítica é silenciosamente ignorada pela Streifzüge e sugere-se que Robert Kurz tenha sido sempre um dos "seus". Isso decorre também da ideia de Robert Kurz dada após o texto, ao apresentá-lo como "co-editor da revista Krisis e membro do grupo com o mesmo nome até este se partir em conflitos internos". Nem uma palavra da Streifzüge sobre o facto de esses "conflitos internos" terem por conteúdo não em último lugar uma popularização problemática e de isso ter levado à criação da revista teórica EXIT!. Para se ter uma ideia da relação entre Robert Kurz, que de facto já não se pode defender, e a Streifzüge, e para prevenir a doença de Alzheimer, mais uma vez se remete vivamente para o texto Seelenverkäufer [Vendedores de almas] de 2010, bem como para toda a rubrica Zur Kritik der verkürzten Wertkritik [Para a crítica da crítica do valor redutora] (1) na homepage da EXIT!, onde também outros autores e autoras apresentam contribuições sobre este tema.
Roswitha Scholz pela Redacção da EXIT!
(1) Dos 12 textos da rubrica estão traduzidos para português dois: DEAD MEN WRITING. Instruções de uso: como transformar a crítica emancipatória num objecto especulativo ao serviço da reprodução pessoal dum bando da intelligentsia lumpen e O DESVALOR DO DESCONHECIMENTO. “Crítica do valor” truncada como ideologia de legitimação de uma nova pequena-burguesia digital (Nt. Trad.)
Self-Service canibalesco - (Roswitha Scholz: Maio 2015) Deutsch Italiano
Boaventura Antunes
Intervenção no XVIII Congresso do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Lisboa 9-10 Outubro 2015
DINHEIRO
Da crítica social à crítica categorial
Dinheiro: Da crítica social à crítica categorial - (Boaventura Antunes; Setembro de 2015)
Johannes Bareuther
O ANDROCENTRISMO DA RAZÃO DOMINADORA DA NATUREZA (1ª PARTE)
Natureza demoníaca e natureza mecânica
1. A derivação da revolução científica feita por Bockelmann a partir da análise da forma de pensar * 2. Separações estruturais na relação com a natureza * 3. Francis Bacon como propagandista da razão dominadora da natureza * 4. A caça às bruxas como crime fundador do patriarcado produtor de mercadorias e o seu papel no estabelecimento da racionalidade científica * 5. Resumo e visão histórica
O androcentrismo da razão dominadora da natureza (1ª parte) EXIT! nº 12 - (Johannes Bareuther; Novembro de 2014) Deutsch
Linhas gerais para a transformação da crítica da economia política
"A lavandaria automática do capital também parece ter deixado de funcionar. Na realidade, os guardiões institucionais do graal do capitalismo estão a adiar o choque da desvalorização mais que devido, com recurso a métodos cada vez mais aventurosos, porque, no mínimo, intuem que com ele todo o sistema mundial entraria em colapso e, no sentido da economia do capital, apenas restaria terra queimada. Nesta medida, as elites, dispostas a qualquer crime a que uma situação de emergência obrigue, ainda dão provas de uma maior consciência da realidade do que os marxistas residuais e os pós-marxistas – e, mais que todos, Michael Heinrich. Paradoxalmente, ele está aqui em conformidade com, nem mais nem menos, os ideólogos neoliberais hardcore cegos à realidade que, relativamente ao “ajustamento”, se deixam levar pela mesma ilusão e, por isso, exigem que as medidas de resgate sejam abandonadas para que a “natureza” possa finalmente seguir o seu curso. Por outras palavras: a sua tese do “ajustamento” [Bereinigung] revela ser ideologia tão pura e dura como a tese ultraliberal do “ajustamento”
Roswitha Scholz
A IMPORTÂNCIA DE ADORNO PARA O FEMINISMO HOJE
Retrospectiva e perspectiva de uma recepção contraditória
Neste artigo Roswitha Scholz mostra que na teoria feminista se manteve a capacidade de chegar a uma crítica da forma do patriarcado capitalista até à segunda metade da década de oitenta. Em vez disso passou-se para padrões de pensamento formais e sociologistas. Scholz esclarece aqui a importância de Adorno para a crítica da dissociação-valor, ainda que ele parta apenas da troca e não do valor (mais-valia) como princípio social fundamental, e muito menos eleve a relação hierárquica de género na configuração da dissociação-valor à posição de conceptualidade basilar da sociedade, tratando-a de modo meramente descritivo e como tal a criticando. Scholz também assume de Adorno para a crítica da dissociação-valor a rejeição de um pensamento restringido à lógica da identidade, o que significa além do mais que esta crítica tem de ter em conta as diferentes disparidades sociais. Enquanto isto pertence ao cerne da crítica da dissociação-valor, a partir das contradições da lógica da troca ou do valor só se consegue obter uma crítica da lógica da identidade quando muito à força. Assim, a crítica da dissociação-valor impulsiona para lá de si mesmo não só a Adorno, mas também a ela própria. Ela tem de pôr-se a si mesma em questão para fazer jus à sua essência íntima. Assim se põe em causa o iluminismo. Embora também a crítica da dissociação-valor em certo sentido assente ela própria no iluminismo, ela não exclui uma crítica radical do mesmo. Na crítica da dissociação-valor decide-se designadamente ir ao mesmo tempo radicalmente para lá do pensamento iluminista, mesmo até para lá da dialéctica negativa de Adorno, para manter em aberto a possibilidade – em primeiro lugar de modo apenas conceptual e abstracto – de futuras formas de pensar e de viver não capitalistas nem patriarcais. (Resumo na Revista EXIT! nº 10)
A importância de Adorno para o feminismo hoje - (Roswitha Scholz: EXIT! nº 10 Dezembro 2012) Deutsch
A LUTA PELA VERDADE
Notas sobre o mandamento pós-moderno de relativismo na teoria crítica da sociedade
Um fragmento
Conflitos sobre a verdade * Da teorização da política à politização da teoria * (Da politização do privado à privatização do político) * Na ordem do dia estão a táctica, a estratégia, o mimetismo, a camuflagem * O dogma "anti-dogmático" da pós-modernidade * O apertar do parafuso * O lugar na história como campo de batalha das ideias * Linguistic turn * Totalitarismo da linguagem e coisa em si * (Anti-essencialismo) * (A atitude existencial) * (Subjectivismo estrutural) * (A falta de fundamentos da narrativa, construção/desconstrução e discurso) * (Crítica da objectividade negativa ou positivismo do discurso?) * (Relativismo histórico e pós-história) * (Esclarecer o adversário e esclarecer-se si mesmo) * (Negar a objectividade da verdade) * (Do positivismo dos factos ao positivismo da narrativa, da construção e do discurso) * (História da formação e história interna) * (Relativismo estrutural, sem conceito da totalidade) * A história como campo de batalha das ideias, as ideias como armas da história (Os títulos entre parêntesis são de capítulos que não chegaram a ser elaborados: Nota do trad.)
Roswitha Scholz
Introdução * A argumentação de base de Postone * Individualismo metodológico, estrutura-acção e afins * Forma da mercadoria e forma do capital * Dinheiro – circulação – forma do capital – mais-valia * Relação entre trabalho abstracto e trabalho concreto * Tempo abstracto, tempo histórico concreto, tempo biográfico, tempo do mundo do dia-a-dia e tempo concreto do colapso do capitalismo * Sujeito revolucionário e socialização de classe média * Dissociação-valor, totalidade fragmentada e disparidades sociais: algumas observações necessariamente incompletas sobre o contexto da dissociação-valor como contexto social basilar
Após Postone - (Roswitha Scholz: EXIT! nº12 Novembro 2014) Deutsch
Udo Winkel
"No centenário da eclosão da I Guerra Mundial surgiu uma enchente de análises e literatura de memórias. Ela é repetida e incorrectamente designada como “ruptura civilizacional”, embora o capitalismo se tenha desenvolvido com violência brutal desde o seu nascimento na “acumulação primitiva” (Marx). Só a dimensão mudou, com artilharia, gás venenoso e depois também aviões e tanques."
Roswitha Scholz
1. A Nova Leitura de Marx – breve história da crítica do fetichismo desde 1965 e sua multiplicação/massificação hoje * 2. O "Novo espírito do capitalismo", o "Eu empresarial" e a crítica do fetichismo * 3. Crítica do fetichismo e vida académica * 4. Crítica do fetichismo, verdade e conteúdo * 5. Feminismo e crítica do fetichismo * 6. A vontade de viver o mais possível “de modo não fetichista”… * 7. Resumo: crítica do fetichismo como processamento da contradição ou crítica radical?
Viva o Fetiche! - (Roswitha Scholz; Exit! nº 12 Novembro de 2014 Deutsch
Feminismo - Capitalismo - Economia - Crise - (Roswitha Scholz; EXIT! nº11 Julho 2013) Deutsch
CRISE E CRÍTICA
O limite interno do capital e as fases do definhamento do marxismo.
Um fragmento. Segunda parte
"Nenhuma crise histórica no capitalismo pode ser derivada de “lutas voluntárias” imediatas; mas a nova crise económica mundial iniciada no Outono de 2008 muito menos que qualquer das anteriores. Pois aqui já nem sequer superficialmente é possível construir uma conexão causal real com “lutas” ou com “políticas” conscientes, ou quando muito só por meio de fantasmagorias óbvias. O estourar das bolhas financeiras, a falência do Lehman Brothers e o que se seguiu não foi um complot do empire, nem sequer foi devido à mínima “luta social”, tanto nos EUA como noutros lados. Isso até os normalizados construtores de casinhas da Opel e os faz-tudo do submundo da esquerda radical compreendem. Por isso a ideologia de crise subjectivista, perante esta situação, tem de cair no apelo puramente mistificatório a um “nós” ideológico, na realidade dificilmente existente.
CRISE E CRÍTICA
O limite interno do capital e as fases do definhamento do marxismo.
Um fragmento. Primeira parte
Roswitha Scholz
A HISTÓRIA COMO APORIA
Teses preliminares para a discussão em torno da historicidade das relações de fetiche
(3ª Série)
SINOPSE: 1. A abordagem da teoria da história para além do marxismo tradicional/ 2. A problemática do conceito de história como constructo moderno/ 3. Aporias solúveis e insolúveis/ 4. A crítica radical da modernidade não pode deixar de ter uma teoria da história/ 5. Dissociação e fetiche/ 6. Capitalismo e Religião/ 7. Sobre o conceito de relações de fetiche/ 8. Metafísica, transcendência e transcendentalidade/ 9. Da divisão de épocas ao relativismo da história/ 10. Alinhar com o processo de desmoronamento da filosofia burguesa da história?/ 11. Que significa pensar contra si mesmo?/ 12. A dialéctica da teoria da história em Adorno/ 13. Crítica do conhecimento da teoria da dissociação e crítica do conceito de história/ 14. Teoria negativa da história e programa de desontologização/ 15. Um novo conceito de unidade entre continuidade e descontinuidade/ 16. Conceitos afirmativos da reprodução e conceitos histórico-críticos da reflexão/ 17. Ruptura ontológica e “superavit crítico [kritischer Uberschuss]”/ 18. Insuficiências e conteúdos de ideologia alemã, reaccionários, da hermenêutica da história/ 19. Fossilização ontológica como vingança da dialéctica/ 20. Consequências possíveis: pose neo-existencialista, decisionismo, reformismo neo-verde.
A História como aporia (3ª série) - Robert Kurz; Maio de 2007
A História como aporia (2ª Série) - Robert Kurz; Setembro de 2006 Deutsch
A História como aporia (1ª Série) - (Robert Kurz; Agosto de 2006) Deutsch
LÓGICA DA IDENTIDADE E CRÍTICA DO CAPITALISMO
Notas sobre as reacções da esquerda aos ataques terroristas em Nova Iorque e Washington
De modo tão ilusório como na "questão da mulher", neste contexto o Ocidente também é apresentado como ultra-aberto no que diz respeito ao comportamento sexual, à homossexualidade masculina e feminina etc. A tolerância superficial face aos trans-flexi pretende esconder o facto de que, mais do que permitir diferentes orientações sexuais, o objectivo é impor identidades compulsoriamente flexíveis compatíveis com a globalização e perfeitamente economificadas sem, por isso, suplantar a estrutura fundamental compulsivamente heterossexual. Os Talibãs bárbaros como inimigos das mulheres e adversários dos "perversos" são assim transformados em mera superfície de projecção para poder esconder completamente, na celebração da civilidade burguesa, a relação básica de género inimiga das mulheres e compulsivamente heterossexual que serve de fundamento à sociedade burguesa...
Lógica da identidade e crítica do capitalismo - (Roswitha Scholz; Novembro 2001) Deutsch
A INDÚSTRIA CULTURAL NO SÉCULO XXI
Sobre a actualidade da concepção de Adorno e Horkheimer
Da crítica aparente da burguesia intelectual ao culto pós-moderno da superficialidade * Crítica cultural elitista ou emancipatória? * Reducionismo tecnológico * A publicidade como percepção cultural do mundo e de si mesmo * A continuação do "trabalho abstracto" e da concorrência por outros meios * A Internet como novo meio central da indústria cultural * A virtualização do mundo da vida * Interatividade da Web 2.0 e individualização * Uma cultura grátis paga cara * O limite interno do capital e a crise económica da indústria cultural * A caminho do esgotamento das reservas culturais * O mundo não é um acessório. Por que é impossível uma "revolução cultural" separada
A Indústria Cultural no Século XXI - (Robert Kurz; EXIT! nº 9 Março de 2012) Deutsch
Produção e reprodução na crise do capitalismo
1. Após a cultural turn e a fobia à crítica radical da economia que lhe estava associada, diversos marxismos sofreram novo impulso desde a década de 1990, em paralelo com o desabar da crise não propriamente esperado. A teoria feminista também não ficou imune a esta situação. Frigga Haug desdobra-se em visitas pela República; em 2009 uma edição da revista Argument foi dedicada ao tema "Elementos de um novo feminismo de esquerda". Nancy Fraser proclamou: "Mulheres, pensai economicamente!". E mesmo feministas (ex?)-desconstrutivistas exigem agora que seja abordada a opressão das mulheres no contexto da crítica do capitalismo. (1)
Estende o teu manto, Maria! - (Roswitha Scholz; Junho 2010) Deutsch
Roswitha Scholz
SIMONE DE BEAUVOIR HOJE
Notas críticas sobre uma clássica do feminismo
A conceptualidade da dissociação refere-se ao pressuposto tácito da modernidade como o “Outro” (aqui fala Simone de Beauvoir) da produção de mercadorias e do fetiche do capital, e como tal representa um plano estrutural fundamental completamente diferente – em certo sentido situado ainda mais fundo – que vai além do conceito de fetichismo marxiano. A dimensão da dissociação-valor, assim, não apenas abrange uma relação de género assimétrica, mas visa a sociedade como um todo. Transcendência no sentido da crítica da dissociação e do valor é, portanto, algo diferente de uma crítica do valor avaliada de modo universalista androcêntrico, mas também algo diferente da de De Beauvoir. Nessa medida, o feminismo, no sentido da tematização da dissociação-valor como princípio fundamental estruturalmente determinante, simplesmente não pode mais permitir-se uma desajeitada confissão de cumplicidade, que acaba por desembocar traiçoeiramente na perspectiva de género objectivamente neutra. Da mesma forma, a tematização deste princípio pressuposto (na medida em que sabe das suas mediações) é necessária exactamente para dar a relevância aos “outros Outros” no sentido de totalidade concreta de facto não menos valorizada em termos de hierarquia conceptual...
O TABU DA ABSTRACÇÃO NO FEMINISMO
Como se esquece o universal do patriarcado produtor de mercadorias
“A dignidade dela está em ser ignorada”
Jean-Jacques Rousseau
Introdução * Breve esboço da elaboração teórica feminista desde "68" * O problema da obsessão de auto-relativização no feminismo e a dissociação-valor como princípio fundamental do patriarcado produtor de mercadorias * O problema fundamental do relativismo e a inevitabilidade da abstracção dialecticamente mediada no contexto da crítica da dissociação e do valor * Auto-afirmação em vez de autonegação como pressuposto da auto-relativização * O patriarcado produtor de mercadorias esquecido * Bibliogafia
O Tabu da Abstracção no Feminismo - (Roswitha Scholz; EXIT! nº8 Julho 2011) Deutsch
NÃO HÁ LEVIATÃ QUE VOS SALVE
Teses para uma teoria crítica do Estado. Segunda parte
Nota prévia * 23 Por que não constitui o anarquismo qualquer alternativa. A crítica não-conceptual do Estado de Bakunin & Cª. * 24 A discussão conceptualmente confusa com os bakuninistas * 25 A luta pelas necessidades vitais no capitalismo e a constituição automática da política * 26 A "ditadura do proletariado" e o deficit da teoria do Estado * 27 O trauma da Comuna de Paris e a sua lenda * 28 O problema da síntese social como "caixa negra" da ideologia cooperativista * 29 Subjectivação e individualização metodológicas da forma da vontade transcendental * 30 A ditadura de crise do Leviatã ou o estado de excepção como pressuposto e consequência da "vontade geral" * 31 A política como definição do inimigo existencial * 32 Estado de excepção e capacidade política * 33 Executores e executados do estado de excepção * 34 Catástrofe humanitária, pragmatismo de emergência consciente e ideologia de salvação da democracia de esquerda * 35 A miséria do positivismo jurídico * 36 A crença positiva da social-democracia no Estado e as suas metamorfoses * Antevisão da terceira parte
Não há Leviatã que vos salve. Teses para uma teoria crítica do Estado. Segunda parte - (Robert Kurz; EXIT! nº 8 Julho de 2011) Deutsch
NÃO HÁ LEVIATÃ QUE VOS SALVE
Teses para uma teoria crítica do Estado. Primeira parte
1 O Estado como "última instância" e as formas de desenvolvimento da crise capitalista mundial • 2 A insuficiência da teoria do Estado e o debate sobre a teoria radical da crise • 3 Desenvolvimento capitalista e historicidade da teoria. A "herança" do iluminismo burguês afirmativo na esquerda da modernização • 4 A teoria do contrato de direito natural e o poder estatal absoluto em Hobbes • 5 O patriarcado objectivado da modernidade e o carácter androcêntrico do Leviatã • 6 "Economia política" absolutista e liberdade de concorrência dos burgueses proprietários • 7 Do liberalismo teológico à forma transcendental da "vontade geral" em Rousseau • 8 O "imperativo categórico" kantiano e a automenorização esclarecida • 9 Adam Smith e a "mão invisível" da máquina da concorrência como a outra face da "vontade geral" • 10 O idealismo de Estado alemão como superação ideológica aparente da duplicação da "vontade geral" • 11 A diferenciação "nacional" anglo-saxónica, francesa e alemã da "vontade geral" • 12 O "estado de natureza" violento entre os Leviatãs e a sua limitação pelo mercado mundial • 13 A "paz perpétua" kantiana como visão duma instituição meta-estatal da "vontade geral" repressiva e o seu desmentido por Hegel • 14 A batalha dos Leviatãs imperiais pelo poder mundial nacional da "vontade geral" • 15 Duas nações em uma. O entendimento do Estado do burguês proprietário como atraso da modernização • 16 O Estado burguês como horizonte de emancipação redutora e a função modernizadora do movimento operário • 17 A repetição feminista da emancipação redutora • 18 O idealismo de Estado alemão como "herança" do movimento operário e a expansão capitalista das funções do Estado • 19 A crítica do Estado no jovem Marx: as contradições da "vontade geral" transcendental • 20 O duplo Marx e a dupla definição do político • 21 O conceito de Estado reduzido à sociologia das classes em Marx e Engels • 22 Trinta anos depois. A reprodução do conceito redutor de Estado no Anti-Duhring de Engels • Antevisão da segunda parte
Não há Leviatã que vos salve. Teses para uma teoria crítica do Estado. Primeira parte - (Robert Kurz; EXIT! nº 7 Dezembro de 2010) Deutsch
NÃO DIGO NADA SEM A MINHA ALLTOURS
A identidade (masculina) pós-moderna entre a mania da diferenciação e a segurança da teoria marxista vulgar. Réplica às críticas à teoria da dissociação e do valor
Introdução * O conceito de dissociação-valor * Igual originariedade e sujeito “autónomo” * Falsa historicização e falsa ontologização * Dissociação-valor como conceito da totalidade * O não-idêntico e a lógica da dissociação e do valor * Princípio social fundamental e diferenças * A ausência do conceito de dissociação-valor na teoria feminista * Teoria, empiria e desenvolvimento histórico * Sexo e Género * Dissociação-valor e heterossexualidade compulsiva * Dissociação-valor e crítica da economia política * Diferentes níveis de análise e pensamento positivista * Conclusão: O espírito do tempo pós-moderno na crise, os círculos de esquerda virados queer e a insustentabilidade de uma mentalidade de crítica ecléctica
Não digo nada sem a minha alltours - (Roswitha Scholz; EXIT! nº7 Dezembro 2017)
FORMA SOCIAL E TOTALIDADE CONCRETA
Na urgência de um realismo dialéctico hoje
Totalidade concreta em Georg Lukács * Totalidade concreta em Theodor W. Adorno * Totalidade concreta em Moishe Postone * Totalidade concreta e crítica da dissociação e do valor * Crítica do fetiche e da reificação como falsa imediatidade em John Holloway * Imediatidade antidialéctica em Hardt/Negri e em Badiou * O falso retorno da dialéctica após o seu suposto fim * Conclusão: alegações finais por um realismo dialéctico, hoje, para lá dos esquematismos tradicionais
Forma social e totalidade concreta - (Roswitha Scholz; Exit! nº6 Outubro de 2009 Deutsch
O DESVALOR DO DESCONHECIMENTO
“Crítica do valor” truncada como ideologia de legitimação de uma nova pequena-burguesia digital
O Desvalor do Desconhecimento - (Robert Kurz; Maio 2008) Deutsch
UMA CONTRADIÇÃO ENTRE MATÉRIA E FORMA
Sobre a importância da produção de mais-valia relativa para a dinâmica de crise final
1. A última crise do capital? Uma controvérsia * 2. Produtividade, valor e de riqueza material * 3. A produção da mais-valia relativa * 4. A tendência de desenvolvimento da mais-valia relativa * 5. Crescimento compulsivo, expansão histórica do capital e limites materiais * 6. Crescimento compulsivo e destruição do ambiente * 7. Conclusão
Uma contradição entre matéria e forma - Claus Peter Ortlieb; Setembro de 2008 Deutsch
CRISE ECONÓMICA MUNDIAL, MOVIMENTO SOCIAL E SOCIALISMO. 12 TESES.
Comunicação apresentada na Conferência do Fórum Marxista da Saxónia em 14.11.2009
Crise Económica Mundial, Movimento Social e Socialismo - Robert Kurz; Novembro de 2009
Roswitha Scholz
LÓGICA DA IDENTIDADE E CRÍTICA DO CAPITALISMO
Notas sobre as reacções da esquerda aos ataques terroristas em Nova Iorque e Washington
Lógica da identidade e crítica do capitalismo - (Roswitha Scholz; Novembro 2001) Deutsch
WASTE TO WASTE
Os Roma e “nós”
WASTE TO WASTE Os Roma e "nós" - (Roswitha Scholz; Setembro 2008) Deutsch
ENTREVISTA À REVISTA ON-LINE “TELEPOLIS”
(Hannover, Alemanha)
Entrevista à REVISTA ON-LINE "TELEPOLIS" - (Robert Kurz; Outubro 2008) Deutsch
A Teoria da Dissociação Sexual e a Teoria Crítica de Adorno
A Teoria da Dissociação Sexual e a Teoria Crítica de Adorno - (Roswitha Scholz; Agosto de 2004 Deutsch
O ser-se supérfluo e a "angústia da Classe média"
O fenómeno da exclusão e a estratificação social no capitalismo
1. Introdução: "Situação de classe", exclusão específica de uma classe, ou desclassificação generalizada? Eis a questão, hoje! 2. O fenómeno do ser-se supérfluo no capitalismo até ao fim do século XIX – breve esboço 3. A "sociedade de classe média nivelada" 4. Individualização para lá da classe e da camada? 5. A destruição da "nova classe média" e os "novos independentes" precários 6. O fetiche da luta de classes 7. Luta sem classes? 8. O último estádio da classe média 9. A sociedade da classe média e o género 10. A sociedade da classe média e a migração 11. A exclusão como problema fundamental do capitalismo. 12. Algumas observações sobre o debate das ciências sociais em torno da exclusão social e da "vulnerabilidade social" nas classes médias 13. A socialização de classe média, a exclusão e a forma social da dissociação-valor.
O Ser-se Supérfluo e a "Angústia da Classe Média" - (Roswitha Scholz; Exit! nº5 Maio de 2008 Deutsch
PODER MUNDIAL E DINHEIRO MUNDIAL
A função económica da máquina militar dos Estados Unidos no capitalismo global e os motivos ocultos da nova crise financeira
Nota prévia (22.01.2008): O texto que segue foi escrito em Novembro de 2007 para a revista de debates de esquerda "Widersprüch" (Zurique) e aí foi publicado no início de Janeiro [nº 53]. Sob o signo da crise financeira em curso e do mais recente crash bolsista, ele adquire uma actualidade insuspeitada.
Poder Mundial e Dinheiro Mundial - Robert Kurz; Novembro de 2007 Deutsch
BARBÁRIE, MIGRAÇÃO E GUERRAS DE ORDENAMENTO MUNDIAL
Para uma caracterização da situação contemporânea da sociedade mundial
Barbárie, Migração e Guerras de Ordenamento Mundial - Robert Kurz; Janeiro de 2005 Deutsch
"O COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO" - 15 ANOS DEPOIS
Entrevista à Revista "Reportagem", São Paulo, Outubro de 2004
"O COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO" - 15 anos depois (Entrevista) - (Robert Kurz; Novembro 2004) (pdf) Deutsch Español
SERES HUMANOS NÃO RENTÁVEIS
Ensaio sobre a relação entre história da modernização, crise e darwinismo social neo-liberal
Nota Prévia: Este texto constitui a versão escrita de uma apresentação efectuada a 15.11.2005 em Brunnen, Suiça, nas Jornadas Anuais da INTEGRAS (Schweizer Fachverband für Sozial- und Heilpädagogik) [Associação Profissional de Pedagogia Médica e Social]. O texto não desenvolve ideias novas, mas consegue dar, ainda assim, uma perspectiva sobre as afirmações standard na análise da crítica do valor e da dissociação, de outro modo só possível de encontrar espalhada em diversos artigos ou no contexto da argumentação mais extensa dos livros. Os sub-títulos são de responsabilidade da redacção da INTEGRAS. As apresentações desta jornada serão publicadas brevemente em brochura
Seres Humanos não Rentáveis - Robert Kurz; Janeiro de 2006 Deutsch
A Substância do Capital
O trabalho abstracto como metafísica real social e o limite interno absoluto da valorização.
Primeira parte: A qualidade histórico-social negativa da abstracção "trabalho".
O Absoluto [Absolutheit] e a relatividade na História. Para a crítica da redução fenomenológica da teoria social - O conceito filosófico de substância e a metafísica real capitalista - O conceito negativo de substância do trabalho abstracto na crítica da economia política de Marx - O conceito positivo do trabalho abstracto na ontologia do trabalho marxista - Para a crítica do conceito de trabalho em Moishe Postone - O trabalho abstracto e o valor como apriori social - O que é abstracto e real no trabalho abstracto? - O tempo histórico concreto do capitalismo
A Substância do Capital (primeira parte) - (Robert Kurz; EXIT! nº1 Agosto 2004) Deutsch
Segunda parte: O fracasso das teorias da crise do marxismo da ontologia do trabalho e as barreiras ideológicas contra a continuação do desenvolvimento da crítica radical do capitalismo.
"Teoria do colapso" como palavra de toque e conceito de falsificação da história da teoria marxista - Teorias do colapso reduzidas como posição minoritária marxista na época da guerra mundial I: Rosa Luxemburgo - Teorias do colapso reduzidas como posição minoritária marxista na época da guerra mundial II: Henryk Grossmann - Da diabolização de Grossmann ao atrofiar do debate marxista da crise e do colapso - Sujeito e objecto na teoria da crise. A solução aparente do problema em meras relações de vontade e de forças - A crise e a crítica, a ilusão política e a relação de dissociação sexual - O conceito de quantidade de trabalho abstracto e a acusação de "naturalismo"
A Substância do Capital (segunda parte) - (Robert Kurz; EXIT! nº2 Março 2005) Deutsch
A NOVA CRÍTICA SOCIAL E O PROBLEMA DAS DIFERENÇAS
Disparidades económicas, racismo e individualização pós-moderna.
Algumas teses sobre o valor-dissociação na era da globalização
A Nova Crítica Social e o Problema das Diferenças - (Roswitha Scholz; EXIT! nº1 Agosto 2004) Deutsch
TABULA RASA
Até onde é desejável, obrigatório ou lícito que vá a crítica ao Iluminismo?
Tabula Rasa - (Robert Kurz; Krisis 27 - Novembro 2003)
A IDEOLOGIA ANTI-ALEMÃ
Do antifascismo ao imperialismo de crise: crítica da novíssima essência sectária alemã de esquerda nos seus profetas teóricos
A Ideologia Anti-Alemã (prefácio) - (Robert Kurz; Agosto 2003)
ONTOLOGIA NEGATIVA
Os obscurantistas do Iluminismo e a metafísica histórica da Modernidade
A libertação tem de ser repensada. Após o fim do marxismo e do socialismo do movimento operário, não resta dúvida de que quanto a este postulado abstracto existe um consenso entre a maioria das teóricas e dos teóricos de esquerda que ainda continuem a querer sê-lo. No entanto, mal se trate de definir o novo, que é o que se supõe estar em causa, este não se revela apenas regularmente como o velho em traje novo, mas, antes de mais, como o mais vetusto de entre o velho; nomeadamente, como recaída para o que antecede o marxismo, para o seio da Filosofia iluminista burguesa, em vez de uma tentativa de ir para além do marxismo.
Ontologia Negativa - (Robert Kurz; Krisis 26 - Janeiro de 2003)
Razão Sangrenta
20 Teses contra o chamado Iluminismo e os "Valores Ocidentais"
O capitalismo a si mesmo se vence até à morte, tanto materialmente como no plano ideal. Quanto maior a brutalidade com que esta forma de reprodução, tornada modelo social universal, devasta o mundo, mais ela vai infligindo golpes a si mesma e minando a própria existência. Neste quadro se inscreve também o comum ocaso intelectual das ideologias da modernização, numa ignorância e falta de ideias de tipo novo: direita e esquerda, progresso e reacção, justiça e injustiça coincidem de forma imediata, uma vez que o pensamento nas formas do sistema produtor de mercadorias paralisou por completo. Quanto mais estúpida se torna a representação intelectual do sujeito do mercado e do dinheiro, mais horroroso fica o seu tagarelar repetitivo das estafadas virtudes burguesas e valores ocidentais. Não há paisagem do planeta, marcada pela miséria e pelos massacres, sobre a qual não chovam a cântaros lágrimas de crocodilo, de um humanitarismo policial democrático; não há vítima desfigurada pela tortura que não seja usada como pretexto na exaltação das alegrias da individualidade burguesa. Qualquer idiota servidor do estado, que se esforça por escrever umas linhas, invoca a democracia ateniense; qualquer patife ambicioso, da política ou da ciência, pretende bronzear-se à luz do iluminismo.
Razão Sangrenta - tradução revista - (Robert Kurz; Junho de 2002) Deutsch Español
AUSCHWITZ COMO ÁLIBI?
Auschwitz como Álibi? - (Robert Kurz; Junho 2000) Deutsch Español
Textos, entrevistas, conferências
-2017-
EXIT! Crise e crítica da sociedade da mercadoria, nº 15 (Abril 2018)
Índice e Editorial
-2016-
Richard Aabromeit
VALOR SEM CRISE – CRISE SEM VALOR?
Sobre a ausência de uma teoria da crise em Moishe Postone
Do seminário do círculo de leitura da crítica da dissociação-valor de Dresden, em Maio de 2014, sob o tema "Moishe Postone entre a crítica do valor e o marxismo tradicional".
Valor sem crise - crise sem valor? - (Richard Aabromeit: EXIT! nº13 Janeiro 2016) Deutsch
Revista EXIT! nº 13, Janeiro de 2016
SUMÁRIO E EDITORIAL
"Tempos áureos para teóricos e teóricas da crise!" poder-se-ia pensar, pois afinal dispõe-se de algo parecido com ter os meios teóricos para avaliar a situação social, ou mesmo com ter "sabido da coisa antecipadamente". Em última análise, no entanto, perante a violência das circunstâncias da decadência, está-se mais ou menos tão desamparado como toda a gente. Ainda assim, o poder analítico de uma teoria crítica da sociedade e a irreconciliável intenção de revolucionamento desta, que já lhe está sempre subjacente, talvez possam ajudar a manter uma visão das distorções actuais "realista" no melhor sentido, visão que, designadamente, não seja determinada pela expressão prática de situações sentidas justificadamente como ameaça ou coerção, nem pelas ilusões de estratégias redutoras de superação."
-2015-
Richard Aabromeit
QUE ESCOLHA RESTA À GRÉCIA DEPOIS DAS ELEIÇÕES?
Πἁντα ῥεῖ – apenas na Grécia não?
Que escolha resta à Grécia depois das eleições? - (Richard Aabromeit; Setembro de 2015)
Tomasz Konicz
MAIS UMA VEZ SE PÕE A QUESTÃO
Quando estoura a grande bolha de liquidez em que está preso o sistema financeiro mundial?
Mais uma vez se põe a questão - (Tomasz Konicz; Junho de 2015)
ESTARÁ A CHINA NA IMINÊNCIA DE UM COLAPSO?
O crescimento da economia chinesa financiado pelo endividamento não aguenta mais
Estará a china na iminência de um colapso? - (Tomasz Konicz; Maio de 2015)
-2014-
UCRÂNIA – A DUALIDADE DE NACIONALISMO E DESMORONAMENTO DO ESTADO
Ucrânia - a dualidade de nacionalismo e desmoronamento do estado - (Gerd Bedszent: EXIT! nº 12 Novembro 2014) Deutsch
-2013-
BATER CONTRA A PAREDE
Bater contra a parede - (Claus Peter Ortlieb; Novembro de 2013 Deutsch
Limites no endividamento e travões na racionalidade - (JustIn Monday; Novembro de 2013 Deutsch
FIM DO JOGO
ELOGIO DO ESBANJAMENTO
Elogio do esbanjamento - (JustIn Monday; Agosto de 2013 Deutsch
-2012-
NÃO HÁ REVOLUÇÃO EM LADO NENHUM
Carta aberta às pessoas interessadas na EXIT! na passagem de 2011 para 2012
Não há revolução em lado nenhum - (Robert Kurz; Janeiro de 2012)
ESPIRAL DESCENDENTE
Espiral descendente - (Claus Peter Ortlieb; Novembro de 2012 Deutsch
O cocktail de desejos do keynesianismo de esquerda
O cocktail de desejos do keynesianismo de esquerda - (Claus Peter Ortlieb; Setembro de 2012 Deutsch Français Italiano
"MUITAS VENDAS E MUITO TRABALHO"
Em memória de
Em memória de Robert Kurz - (Claus Peter Ortlieb; EXIT! nº 10 Dezembro de 2012)
-2011-
CEGOS NA CRISE
O FIM DA FÁBULA DO AUTOMÓVEL
O fim da fábula do automóvel - (Robert Kurz; Agosto de 2011) Deutsch
O TERROR DA POUPANÇA E A REVOLTA
O Terror da Poupança e a Revolta - (Robert Kurz; Julho de 2011) Deutsch
REAÇÃO EM CADEIA PÓS-NACIONAL
Reação em Cadeia Pós-Nacional - Robert Kurz; Junho de 2011
UM HERÓI DO MUNDO PÓS-MODERNO
TRABALHO SEM VALOR
O CONSUMO DO FUTURO
-2010-
PRÉMIO NOBEL PARA O HARTZ IV
Prémio Nobel para o Hartz IV - Robert Kurz; Outubro de 2010 Deutsch
O FIM DA ECONOMIA DA POTÊNCIA MUNDIAL
O Fim da economia da potência mundial - Robert Kurz; Agosto de 2010 Deutsch
A BOLHA CHINESA
A bolha chinesa - Robert Kurz; Abril de 2010 Deutsch
Falência do Estado e assalto aos bancos
Falência do Estado e assalto aos bancos - Robert Kurz; Fevereiro de 2010
NO FIO DA NAVALHA
Carta aberta às pessoas interessadas na EXIT! na passagem de ano 2009/2010
No fio da navalha - Robert Kurz; Janeiro de 2010
-2009-
SOBREPRODUÇÃO
QUEM REGULA O QUÊ?
Porque está a cimeira do G20 com medo da sua própria coragem já na fase preparatória
Quem regula o quê? - Robert Kurz; Setembro de 2009 Deutsch
CAPITALISMO SEM MAIS-VALIA?
Um debate insuficiente sobre os limites do crescimento
Capitalismo sem mais-valia - Robert Kurz; Julho de 2009 Deutsch
ECONOMIA E PSICOLOGIA
Economia e Psicologia - Robert Kurz; Janeiro de 2009 Deutsch
A GUERRA CONTRA OS JUDEUS
A Guerra Contra os Judeus - Robert Kurz; Janeiro de 2009 Deutsch
DEFLAÇÃO E INFLAÇÃO
-2008-
O CARISMA DA CRISE
Por que está a obamania condenada ao fracasso
O Carisma da Crise - Robert Kurz; Novembro de 2008 Deutsch
NÃO HÁ SEGUNDO NEW DEAL
Não há Segundo New Deal - Robert Kurz; Novembro de 2008 Deutsch
ENTREVISTA À REVISTA IHU ON-LINE
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, S. Leopoldo, Porto Alegre, Brasil
Entrevista à REVISTA IHU ON-LINE - (Robert Kurz; Outubro 2008) Deutsch Revista IHU
A ÚLTIMA INSTÂNCIA
A Última Instância - Robert Kurz; Setembro de 2008 Deutsch
A MISÉRIA DA POLÍTICA CONJUNTURAL
A ressurreição do keynesianismo é mais que duvidosa
A Miséria da Política Conjuntural - Robert Kurz; Agosto de 2008 Deutsch
CAPITALISMO POPULAR NUNCA MAIS
A longa ressaca após o desastre da Telekom
Capitalismo Popular Nunca Mais - Robert Kurz; Abril de 2008 Deutsch
A GRANDE QUEIMA DE DINHEIRO
Pacotes de salvamento para bancos em situação catastrófica e caça aos criminosos fiscais
A Grande Queima de Dinheiro - Robert Kurz; Fevereiro de 2008 Deutsch
-2007-
O lado obscuro do capital
O lado obscuro do capital - (Johannes Vogele; Outubro de 2007) Français
TEMPO É ASSASSÍNIO
Tempo é assassínio - Robert Kurz; - Abril de 2007 Deutsch
DESARMAMENTO MORAL
A cultura do escândalo como expressão da falta de perspectiva social
Desarmamento Moral - Robert Kurz; Fevereiro de 2007 Deutsch
A PRÓXIMA ONDA DE RACIONALIZAÇÃO
A próxima onda de racionalização - (Robert Kurz; Janeiro 2007) Deutsch
-2006-
A BOMBA RELÓGIO DAS PENSÕES EMPRESARIAIS
A Bomba Relógio das Pensões Empresariais - (Robert Kurz; Agosto 2006) Deutsch
CRISE DO DÓLAR E CRISE DO EURO
Crise do Dólar e Crise do Euro - (Robert Kurz; Junho 2006) Deutsch
O REGRESSO DO JORGE
Notas sobre a "cristianização" do espírito do tempo pós-moderno
e sua viragem para o decisionismo autoritário
O Regresso do Jorge - (Roswitha Scholz; EXIT! nº3 Janeiro 2006) Deutsch
A PRIMAVERA NEGRA DO ANTI-IMPERIALISMO
Uma aliança não santa de transviados da modernização
A Primavera Negra do Anti-imperialismo - (Robert Kurz; Janeiro 2006) Deutsch
-2005-
A MÁQUINA UNIVERSAL DE HARRY POTTER
O conceito de trabalho imaterial e o neo-utopismo reduzido à tecnologia
A Máquina Universal de Harry Potter - (Robert Kurz; Outubro 2005) Deutsch
ECONOMIA POLÍTICA DO ANTI-SEMITISMO
Economia Política do Anti-Semitismo - (Robert Kurz; Setembro de 1995) Deutsch
O ESTADO DE EXCEÇÃO MOLECULAR
Consciência de crise e "theological turn" da pós-modernidade
O Estado de Exceção Molecular - (Robert Kurz; Agosto 2005) Deutsch
MAIS VALIA ABSOLUTA
Mais Valia Absoluta - (Robert Kurz; Fevereiro 2005) Deutsch
-2004-
EXIT! – AUTO-APRESENTAÇÃO PROGRAMÁTICA
A RESSURREIÇÃO ECONOMISTICA DA RELIGIÃO
A Ressurreição Economistica da Religião - (Robert Kurz; Dezembro 2004) Deutsch Español
Novos e velhos combates
A humanidade não está preparada, mas tampouco tem outra escolha.
Novos e velhos combates (Entrevista) - (Robert Kurz; Novembro 2004) (pdf) Deutsch Español
O COMITÉ NOBEL PASSOU-SE
Apanhado de uma simpática ronda jornalística de homens
O Comité Nobel Passou-se - (Robert Kurz; Outubro 2004) Deutsch
O ÚLTIMO ESTÁDIO DA CLASSE MÉDIA
O Ultimo Estádio da Classe Média - (Robert Kurz; Setembro 2004) Deutsch Español
A nova simultaneidade histórica
O fim da modernização e o começo de uma outra história mundial.
A Nova Simultaneidade Histórica - (Robert Kurz; Janeiro 2004) Deutsch Español Francais English
-2003-
AS PERFÍDIAS DO CAPITAL FINANCEIRO
LIMITES INTERNOS DA ACUMULAÇÃO, CRÍTICA REDUZIDA DO CAPITALISMO E SÍNDROMA ANTI-SEMITA
As Perfídias do Capital Financeiro - (Robert Kurz; Novembro de 2003) Deutsch Español
O que é a terciarização?
Perspectivas de mudança social.
O que é a terciarização - (Robert Kurz; Novembro 2003) Deutsch Español English
Um corte maior: Anulação das dívidas
Um corte maior: Anulação das dívidas - (Robert Kurz; Setembro 2003) Deutsch
Não-rentáveis, uni-vos!
Não-rentáveis, uni-vos - (Robert Kurz; Maio de 2003) Deutsch Español English Francais
A MÃE DE TODAS AS BATALHAS
A Mãe de Todas as Batalhas - (Robert Kurz; Abril de 2003) Deutsch Italiano Español English Français
Imperialismo de crise - (Robert Kurz; Março de 2003) Deutsch Español English Français Italiano
-2002-
A GUERRA CONTRA A CRISE
A Guerra Contra a Crise - (Robert Kurz; Novembro de 2002) Español
ECONOMIA POLÍTICA DOS DIREITOS HUMANOS
Economia política dos direitos humanos - (Robert Kurz; Outubro de 2002) Deutsch English Español Italiano
CONTRA-REALISMO
Contra-Realismo - (Robert Kurz; Outubro de 2002) Deutsch Español Francais English
A pulsão de morte da concorrência
Assassinos amoque e suicidas como sujeitos da crise
A pulsão de morte da concorrência - (Robert Kurz; Maio de 2002) Español
A guerra dos dois mundos
A guerra dos dois mundos - (Robert Kurz; Abril de 2002) Español
-2001-
Economia totalitária e paranóia do terror
A pulsão de morte da razão capitalista
Economia totalitária e paranóia do terror - (Robert Kurz; Setembro de 2001) Deutsch English Italiano
As leituras de Marx no Século XXI
As leituras de Marx no Século XXI - (Robert Kurz; 2001) Español
POPULISMO HISTÉRICO
A confusão de sentimentos burgueses e a busca de bodes expiatórios
Populismo histérico - (Robert Kurz; Janeiro de 2001) Deutsch English Español Italiano
-2000-
Uma vida humana? Só sem mercado, estado e trabalho.
Robert Kurz fala sobre o Livro Negro do Capitalismo (2000) Español
-1999-
MANIFESTO CONTRA O TRABALHO
O Homem Flexível
O homem flexível - (Robert Kurz; Julho de 1999) Deutsch Español Italiano
A expropriação do tempo
A expropriação do tempo - (Robert Kurz; 1999) Español Français
-1998-
APOCALYPSE NOW!
Sobre a relação entre emancipação e pessimismo cultural
Apocalypse Now! - (Robert Kurz; Janeiro 1998) Deutsch
O DUPLO MARX
O Duplo Marx - (Robert Kurz; Fevereiro 1998) Deutsch Español
Objetividade inconsciente
Aspectos de uma crítica das ciências matemáticas da natureza
Objectividade Inconsciente - (Claus Peter Ortlieb; 1998) Deutsch Español
-1997-
ANTIECONOMIA E ANTlPOLÍTICA
Sobre a reformulação da emancipação social após o fim do "marxismo"
Antieconomia e antipolítica - (Robert Kurz; Krisis 19 - 1997) Deutsch Español
Canhões e Capitalismo
A revolução militar como origem da modernidade
Canhões e Capitalismo - (Robert Kurz; de Março 1997) Deutsch Español English Français
-1996-
Os últimos combates
O Maio parisiense de 1968, o Dezembro parisiense de 1995 e o recente acordo trabalhista alemão.
Os últimos combates - (Robert Kurz; Março de 1996) Deutsch
-1995-
ECONOMIA POLÍTICA DO ANTI-SEMITISMO
Economia Política do Anti-Semitismo - (Robert Kurz; Setembro de 1995) Deutsch
O PÓS-MARXISMO E O FETICHE DO TRABALHO
Sobre a contradição histórica na teoria de Marx
O Pós-Marxismo e o Fetiche do Trabalho - (Robert Kurz; Krisis 15 - 1995) Deutsch
A ASCENSÃO DO DINHEIRO AOS CÉUS
Os limites estruturais da valorização do capital, o capitalismo de casino e a crise financeira global
A ascensão do dinheiro aos céus - (Robert Kurz; Julho de 1995) Deutsch Italiano Español
-1994-
O FIM DA POLÍTICA
Teses sobre a crise do sistema de regulação da forma da mercadoria
O Fim da Política - (Robert Kurz; Krisis 14 - 1994) Deutsch Español Italiano
-1993-
DOMINAÇÃO SEM SUJEITO
SOBRE A SUPERAÇÃO DE UMA CRÍTICA SOCIAL REDUTORA
Dominação sem sujeito - (Robert Kurz; Krisis 13 - 1993) Deutsch Español
-1992-
O valor é o homem
Teses sobre a socialização pelo valor e a relação entre sexos
O valor é o homem - (Roswitha Scholz; 1992) Deutsch
-1991-
A HONRA PERDIDA DO TRABALHO
O socialismo dos produtores como impossibilidade lógica.
A honra perdida do trabalho - (Robert Kurz; Krisis nº10 Janeiro de 1991) Deutsch
A Superação da Crise e "Utopia"
Os passageiros do Titanic querem ficar no convés, e que a banda continue tocando. Se tivermos que viver mesmo o "fim da história", não será um final feliz.
A Superação da Crise e "Utopia" (Robert Kurz; 1991)
Pequeno Glossário (Robert Kurz; 1991)
Outros Textos
A Dialéctica do Esclarecimento e outros textos de Theodor W. Adorno
A Sociedade do Espectáculo e outros textos de Guy Debord
Trabalho espiritual e corporal - (A. Sohn-Rethel; 1998)
Teses sobre o conceito da história - (Walter Benjamin; 1940)
Crítica do Programa de Gotha - (Karl Marx)
O CAPITAL, CAPITULO I - A Mercadoria - (Karl Marx)
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Lisboa: última actualização - 13.01.2021